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Cientistas, médicos e legisladores apresentaram Plano Nacional para combate de Demência em São Paulo

Líderes globais de pesquisa, incluindo especialistas latino-americanos em saúde do cérebro, se encontraramm em São Paulo para o Simpósio Satélite da Conferência da Associação Internacional de Alzheimer, coorganizado pelo Global Brain Health Institute

O Brasil tem uma das populações idosas que mais cresce no mundo e, com o envelhecimento avançado, surge o risco de desenvolver a doença de Alzheimer e outras demências. Atualmente, 1,7 milhão de pessoas convivem com algum tipo de demência no país e 77% dessas pessoas não foram diagnosticadas, segundo estudo recente. O número de novos casos em pessoas com 65 anos ou mais deve aumentar para quase 7 milhões até 2050.

Entre os dias 10 a 12 de abril de 2019, mais de quinhentos participantes, entre cientistas, médicos e profissionais de saúde, se reuniram em São Paulo no Simpósio Satélite da Conferência da Associação Internacional de Alzheimer (AAIC), coorganizado pelo Global Brain Health Institute (GBHI), para relatar e discutir as pesquisas mais recentes em ciência demencial.

Durante o simpósio satélite, um grupo de trabalho se reuniu para desenvolver um Plano Nacional de Combate à Demência para o Brasil, que abordou políticas públicas, a infraestrutura necessária no sistema de saúde para oferecer um melhor atendimento para pacientes e familiares, além dos impactos econômicos, políticos e sociais do crescimento projetado para a doença de Alzheimer e outras demências.

A iniciativa é parte do projeto “Fortalecendo respostas à demência nos países em desenvolvimento” (STRiDE) liderado pela London School of Economics and Political Science, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo. Cinco países latino-americanos já possuem Planos Nacionais de Demência, como México, Costa Rica, Cuba, Porto Rico e Chile. O plano do Brasil deverá ser concluído em dezembro de 2021.

Pesquisas sobre demência

Além de discutir os desafios que a demência representa para os países da América Latina, o Simpósio Satélite da AAIC realizou discussões sobre fatores de risco de demência em populações rurais versus populações urbanas, alfabetização e comprometimento cognitivo, diferenças entre os gêneros para pacientes com demência e o estigma sobre a demência na região.

Estudos mostraram que a prevalência da demência é maior na América Latina do que na América do Norte e na Europa Ocidental, e que os sintomas de demência nos países latinos começam mais cedo do que em outras partes do mundo. Uma análise coloca o número de casos de demência nos países da América Latina em aproximadamente 4,6 milhões; dois terços dessas pessoas têm a doença de Alzheimer.

Segundo o professor de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Dr. Ricardo Nitrini, o principal motivo do elevado número de casos de demência na América Latina é a baixa alfabetização e de escolaridade entre os idosos, as altas taxas de pobreza e a desigualdade de acesso a serviços de saúde. Juntos, esses fatores reduzem o que os pesquisadores chamam de “reserva cognitiva”, termo que descreve a resistência do cérebro a lesões, como os sintomas de demência. Além disso, a prevalência de doenças como pressão alta e diabetes, fatores de risco conhecidos para demência, é mais alta em países latinos do que em países desenvolvidos.

“A Associação Internacional de Alzheimer, em parceria com o GBHI, está animada com as discussões em São Paulo e honrada por trabalhar com pesquisadores da América Latina para encontrar respostas e aumentar a conscientização mundial sobre a doença de Alzheimer e outras demências”, relata Dr.a Maria Carrillo, diretora científica da Associação de Alzheimer. “Nosso objetivo com este encontro é destacar a importância das pesquisas sobre demência que está em andamento na América Latina e formar novas colaborações entre pesquisadores de todo o mundo para acelerar as descobertas para o diagnóstico preciso, prevenção e tratamento desta doença fatal”.

Durante o evento, os pesquisadores compartilharam o mais recente trabalho sobre intervenções no estilo de vida que impactam a saúde do cérebro, como alimentação saudável, exercícios regulares, conexões sociais e controle da pressão arterial.

“Países da América Latina estão passando por um processo de envelhecimento populacional significativo e, com isso, haverá grandes desafios no atendimento, diagnóstico e prevenção da demência”, comenta Victor Valcour, diretor executivo do Global Brain Health Institute. “De projetos profundamente focados em comunidades locais a iniciativas nacionais de treinamento e redes pan-regionais, o GBHI promove a colaboração entre a América Latina e a América Central e capacita líderes com recursos para lidar com a demência por meio de programas de bolsa de estudos, como o Atlantic Fellows for Equity in Brain Health. Temos a honra de trabalhar em parceria com a Associação Internacional de Alzheimer neste importante evento em São Paulo”.

A conferência apresentou ainda contribuições do Brazilian Atlantic Fellows for Equity in Brain Health, financiado pelo GBHI e pela Associação de Alzheimer. São líderes que, por meio de projetos inovadores, estão buscando soluções para problemas locais de demência. Alguns deles são:

  • Elisa Resende (Doutora em Medicina) está conduzindo um estudo no Brasil para mostrar como o ensino de alfabetização para adultos tem alto potencial para causar plasticidade cerebral e reduzir o risco de demência;
  • Maira Okada de Oliveira (Mestre em Ciências) está procurando maneiras de melhorar o diagnóstico de demência entre grupos de analfabetos no Brasil, onde métodos tradicionais de diagnósticos não podem ser usados;
  • Barbara Beber (Pós-doutora) está trabalhando para aumentar a conscientização sobre a demência entre os 40 mil fonoaudiólogos do Brasil.

Este é o quinto Simpósio Satélite do AAIC patrocinado pela Associação Internacional de Alzheimer. Conferências prévias foram realizadas na Cidade do México; Varna, Bulgária; Buenos Aires, Argentina e Bengaluru, Índia.

Sobre a Associação de Alzheimer

A Associação de Alzheimer é uma organização de saúde voluntária no tratamento, apoio e pesquisa de Alzheimer. Visite www.alz.org.

Sobre o Instituto Global de Saúde do Cérebro

O Instituto Global de Saúde do Cérebro (GBHI) faz parte na comunidade global dedicada a proteger populações em envelhecimento do mundo de ameaças à saúde do cérebro. O GBHI trabalha para reduzir a escala e o impacto da demência de três maneiras, treinando e conectando a próxima geração de líderes em saúde do cérebro por meio do programa de bolsa de estudos Companheiros do Atlântico pela Equidade na Saúde do Cérebro; colaborando na expansão de prevenções e intervenções, compartilhando conhecimento e atuando na defesa dos direitos. Visite www.gbhi.org

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