A farmacêutica Eli Lilly anunciou que um medicamento experimental chamado donanemabe mostrou-se capaz de retardar a progressão de problemas de memória e cognição em cerca de um terço de pacientes portadores de Alzheimer – mas esse índice dobra para 60% se o tratamento for iniciado quando os sintomas ainda são leves.
Os dados foram extraídos de ensaios clínicos apresentados na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer em Amsterdã. É o mais recente avanço promissor para o tratamento da forma mais comum de demência nos dias de hoje. Ainda segundo a Eli Lilly, idealmente o donanemabe deve ser aplicado antes de se desenvolverem os sintomas mais avançados da doença;
A análise completa do estudo, que envolveu mais de 1.700 pacientes, mostrou que os resultados foram menos robustos para pacientes mais idosos, em estágios mais avançados – bem como para aqueles com níveis mais altos de uma proteína chamada tau, que está relacionada à progressão da doença de Alzheimer.
Na lista de espera da FDA
As descobertas dos pesquisadores da empresa enfatizam que “a detecção e o diagnóstico mais precoces podem realmente mudar a trajetória dessa doença”, pontuou Anne White, presidente de neurociência da Lilly. A empresa espera que a Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos decida até o final deste ano se aprova o donanemabe. A empresa informou que os processos de submissão a outros órgãos reguladores globais estão em andamento e a maioria será concluída até o final do ano.
Guerra contra uma proteína
Assim como o recém-aprovado leqembi, da Eisai e Biogen, o donanemabe é um anticorpo intravenoso projetado para remover os depósitos de uma proteína chamada beta amiloide do cérebro de pacientes com Alzheimer. “Esses resultados fornecem uma confirmação adicional de que a remoção do amiloide do cérebro pode alterar o curso do Alzheimer e ajudar as pessoas afetadas por essa doença devastadora se forem tratadas no momento certo”, disse a Dra. Susan Kohlhaas, diretora executiva de pesquisa e parcerias da Alzheimer’s Research UK, referindo-se aos dados da Lilly divulgados nesta segunda-feira.
A Doença de Alzheimer costuma evoluir para vários estágios, de forma lenta e inexorável. Ou seja, não há o que possa ser feito para barrar o avanço da doença – mas isso pode mudar com a chegada do donanemabe. Hoje, a partir do diagnóstico, a sobrevida média das pessoas acometidas por Alzheimer oscila entre 8 e 10 anos.
O quadro clínico da doença costuma ser dividido em quatro estágios:
• Estágio 1 (forma inicial): alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais
• Estágio 2 (forma moderada): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Agitação e insônia
• Estágio 3 (forma grave): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva
• Estágio 4 (terminal): restrição ao leito. Mutismo. Dor à deglutição. Infecções intercorrentes.
Fonte: Agência Reuters
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