Exercícios, alimentação equilibrada e suplementos farmacêuticos contribuem para deter o avanço da doença que afeta 15 milhões de brasileiros
É uma doença silenciosa – por não apresentar sintomas tão evidentes. Até que… uma queda doméstica, com graves e inesperadas consequências, em termos de fraturas, denuncia tardiamente a fragilidade óssea desencadeada pelo processo de osteoporose. As complicações da doença crescem com o envelhecimento da população, pois a idade é um fator que predispõe à osteoporose – e, por isso, a fase mais madura da vida necessita de medidas preventivas permanentes para fortalecer o sistema ósseo, que tende a se enfraquecer. Por ocasião da data (20 de outubro) que pretende conscientizar sobretudo a população da terceira idade para o impacto da osteoporose na vida das pessoas e as formas de prevenção da doença, a SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) reforça os conceitos que acompanham a doença.
A osteoporose afeta a massa óssea, causando um desequilíbrio nas células que atuam na renovação dos ossos. E há alguns fatores de risco que contribuem para o surgimento da osteoporose – como a deficiência de cálcio. As mulheres são mais suscetíveis à doença, especialmente após a menopausa, em decorrência das alterações hormonais. E há os clássicos fatores de risco. O Dr. Carlos Uehara, presidente da SBGG, explica que o osso é um órgão vivo e que a falta de atividades físicas e a alimentação incorreta podem contribuir para a fragilidade óssea. Ele resume a fórmula preventiva da osteoporose:
“A ingestão de cálcio, elemento rico no leite, em derivados de leite e em folhas verdes, atividades físicas regulares de impacto, como corridas, caminhadas e dança, ajudam a fortalecer os ossos”.
Para a fisioterapeuta Claudia Fló, conselheira consultiva plena da SBGG, além dos riscos físicos, as quedas potencializadas pela osteoporose trazem um risco à saúde psicológica desses pacientes. “O medo causado pela osteoporose pode fazer com que a própria família passe a impedir o idoso de sair sozinho – além dos casos em que o próprio paciente, por medo de quedas, acaba se privando”.
Para quem já tem fragilidade nos ossos e dificuldade de locomoção, alguns cuidados ajudam a evitar quedas, especialmente dentro de casa. O uso de barras de segurança em banheiros, a elevação da altura do assento sanitário, pisos antiderrapantes e eliminação de desníveis colaboram para essa prevenção. Segundo a Dra. Pérola Plapler, fisiatra do Hospital do Coração, outros fatores contribuem para o surgimento da osteoporose além da deficiência de cálcio – como hereditariedade, quando há casos de parentes próximos com a doença – e uso excessivo de bebidas alcoólicas, o que reduz produção de células novas nos ossos, aumentando as chances de quedas e de fraturas. O fato é que, até que ocorram as fraturas, a doença não apresenta sintomas muito evidentes, o que dificulta o tratamento. “Muitos pacientes se queixam de dores pouco específicas e difusas, que melhoram com o uso dos medicamentos para tratamento da osteoporose. Devemos ficar atentos à perda de altura e ao encurvamento das costas – que já podem ser o sinal de que estão ocorrendo microfraturas das vértebras”, explica a Dra. Plapler.
Mulheres, vítimas preferenciais
A doença acomete uma em cada quatro mulheres após a menopausa e um em cada oito homens acima dos 65 anos de idade. Nas mulheres, a incidência da doença é maior, pois a menopausa na mulher começa mais cedo, caracterizada principalmente pela diminuição do estrógeno, um hormônio muito importante no estímulo à formação e na proteção da massa óssea. Já os homens começam seu processo de perda de massa óssea mais tarde e, como apresentam ossos e músculos maiores, têm um estoque de massa óssea maior, precisando de mais tempo para que seus ossos fiquem mais frágeis. O primeiro passo para diagnosticar a doença é uma avaliação dos dados clínicos do paciente e a realização de um exame chamado densitometria óssea, fácil de realizar, que detecta a quantidade de massa óssea do esqueleto. “Quanto mais cedo se inicia o tratamento, melhor”, resume a Dra. Pérola Plapler.
O paciente pode comandar sua própria prevenção. Para quem já tem a doença, é necessário o acompanhamento médico e o de um educador físico – uma vez que exercícios muito intensos, sem controle específico, podem provocar fraturas em ossos muito frágeis. A alimentação equilibrada é outro preventivo fundamental. A nutricionista do Hospital do Coração, Camila Ragne Torreglosa, explica que, além dos alimentos ricos em cálcio, outros nutrientes são importantes no combate à doença.
“Alimentos ricos em vitamina D, como, ovo, salmão, atum e bacalhau, são indicados, uma vez que esse é um importante regulatório da saúde óssea e fundamental para que o cálcio ingerido seja absorvido pelo intestino. O consumo de nutrientes com vitamina K achado no brócolis, lentilha, repolho e couve manteiga e o mineral magnésio encontrado na acelga, espinafre, quiabo, beterraba e amêndoa também são importantes para a saúde óssea – pois a vitamina K participa da formação óssea e o magnésio ajuda na absorção do cálcio da nossa alimentação”.
Na farmácia
A partir dos 50 anos, a recomendação da ingestão de cálcio diária, tanto para mulheres quanto para homens é de 1200 mg. “Já que o metabolismo ósseo é bastante complexo e envolve múltiplos nutrientes, a dieta deve ser bem variada”, acrescenta a nutricionista. “O ideal é que o cálcio seja adquirido por dieta e vitamina D, pelos alimentos e pela exposição ao sol. Quando existe algum impedimento para isso, e essas substâncias estão em quantidade abaixo da recomendada, deve-se considerar a suplementação, tanto do cálcio como da vitamina D”, finaliza a Dra. Pérola Plapler.
Dicas da campanha do Dia Mundial da Osteoporose
– Uma primeira fratura aumenta em até cinco vezes o risco de uma nova fratura
– O principal exame a ser realizado é a densitometria óssea. Caso o paciente apresente fatores de risco, o exame deve ser feito a partir dos 50 anos
– Coluna, antebraço e fêmur são os locais mais comuns de fratura
– Fatores de risco: menopausa, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, baixa ingestão de cálcio, de vitamina D e falta de exposição ao sol.
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