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Viver sem dor: Conquista da mulher

Especialmente na faixa dos 35 aos 50 anos, muitas mulheres sentem dores incomuns e estranhas, simultaneamente em várias partes do corpo. Antigamente, dizia-se que era capricho, quase uma “dor fantasma”. Sabe-se hoje: é fibromialgia, uma doença real – e complexa. Mas que tem controle e cura.

Uma dor crônica que migra pelo corpo e manifesta-se predominantemente em um de seus lados – embora o outro também possa ser sensível. Segundo a Dra. Lin Tchia Yeng, médica fisiatra do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo, a fibromialgia pode se instalar em nove pontos de cada lado do corpo – portanto em 18, no total. Exemplos? Atrás da cabeça, no músculo trapézio (em cima do ombro e nas costas), à altura das vértebras cervicais, na parte de trás do joelho, no encaixe do fêmur com a bacia, nas nádegas e do lado do cotovelo. É uma dor migratória que, na ausência de diagnóstico e tratamento adequado, pode se espalhar por todo o corpo. Não se sabe ainda, porém, se a falta de tratamento adequado faz com que essa dor, de início localizada, se irradie por todo o corpo. O que se sabe é que nessas pessoas o sistema supressor da dor, que coordena a relação entre dor e analgesia, não funciona direito. Além disso, muitas vítimas da fibromialgia se referem a dor de cabeça, funcionamento inadequado do intestino, micção dolorida e sono pouco reparador – o que faz as pessoas já levantarem cansadas.

DOR TÍPICA DA FIBROMIALGIA

Sabe-se que 70% a 80% das pessoas já sentiram, em algum momento, dor nas costas. Essas dores, no entanto, são benignas e costumam melhorar espontaneamente, sem tratamento. As dores da fibromialgia duram pelo menos três meses e, em geral, não apresentam resposta satisfatória aos tratamentos clássicos com analgésicos, anti-inflamatórios e fisioterapia. “Por isso, quando a dor for crônica, é importante procurar um especialista para diagnóstico preciso e indicação de tratamento adequado”, explica a Dra. Lin. Ela lamenta que, no Brasil, a tendência ainda tem sido atribuir a causa dessa dor a fatores de ordem psicológica ou familiar – é comum receber pacientes tratados sem sucesso durante cinco ou seis anos e aos quais foi indicado consultar um psicólogo ou psiquiatra. Há uma fórmula concreta para se apontar um caso de fibromialgia? “Se a dor não melhora ou melhora pouco, é recidivante e não responde de maneira satisfatória aos tratamentos convencionais, médico e paciente devem levantar a possibilidade de um caso de fibromialgia”. Outro indício da doença é a existência, quase sempre, de vários pontos dolorosos simultâneos. Algumas vezes, a dor predomina numa região, mas podem doer todos os músculos do corpo. No exame clínico, o paciente só não se queixa de dor na testa; o resto dói tudo. Além desses, a presença de sintomas como cansaço, falta de energia e ausência de sono reparador deve ser levada em conta para o diagnóstico da doença. A palpação dos 18 pontos dolorosos já mencionados costuma fechar o exame clínico para diagnóstico. Alguns autores defendem que, havendo de nove a onze pontos dolorosos, a doença está caracterizada.

Como explicar que as mulheres representem 90% dos casos da doença? Para a Dra. Lin, são várias as razões. O sistema nervoso das mulheres produz menos serotonina e, por isso, elas também estão mais propensas à depressão. Além disso, por questões hormonais, durante a tensão pré-menstrual, tudo fica mais sensível na mulher. Outro fator repousa na dupla jornada de trabalho feminina. Hoje, as mulheres trabalham fora, mas continuam responsáveis pela execução de tarefas dentro de casa. Sobrecarregadas, pouco tempo lhes sobra para o repouso, o que facilita a incidência maior de dor pelo corpo. Cefaleia e dor nas costas, assim como as manifestações psicossomáticas, também são mais comuns entre as mulheres. Todos esses fatores somados justificam a maior incidência de fibromialgia entre elas.

TRATAMENTO: UM DESAFIO

Prescrever apenas analgésicos não é o suficiente. O tratamento clássico envolve antidepressivos em doses menores do que as indicadas para a depressão. Atividade física também é um elemento importante para melhorar o sistema supressor da dor, pois estimula a sensação de plenitude, conforto e satisfação. Ioga, hidroginástica e caminhadas estão entre as modalidades de atividades físicas mais eficientes, nesse caso.

Outras soluções são paliativas: com o uso exclusivo de anti-inflamatórios, por exemplo, a dor melhora por uns tempos, mas torna a aparecer. No tratamento da fibromialgia, medicação ajuda, mas não é o suficiente. É importante trabalhar também o lado psicológico do paciente. E estar atento às alterações de sono desses pacientes. Os antidepressivos têm a vantagem de regular os períodos de sono. Os mais modernos, porém, devem ser tomados de manhã, porque interferem em determinadas fases do sono, o que não acontece com os tricíclicos, como a amitriptilina, que podem ser tomados à noite porque contribuem para o relaxamento muscular e ajudam a dormir. De qualquer forma, finaliza a Dra. Lin, alguns trabalhos mostram que o mais importante nessa doença é fazer o diagnóstico. “Saber o que tem deixa a pessoa mais tranquila, pois é complicado sentir dores sem nenhuma causa aparente. Como a mídia tem tratado frequentemente do assunto, alguns pacientes se diagnosticam corretamente antes de ir ao médico. Mas eles precisam saber que têm uma disfunção de regulação da dor provocada por distúrbios físicos e psicológicos – e precisam aprender a lidar com ela, visando à melhora de sua qualidade de vida.

 

 

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