No dia 27 de outubro de 1988, portanto há 32 anos, a Assembleia Geral da ONU e a Organização Mundial de Saúde instituíram o dia 1º de dezembro como o Dia Mundial de Luta contra a Aids – cinco anos após a descoberta do vírus causador da aids, o HIV. A iniciativa foi bem aceita e, até hoje, o Primeiro de Dezembro é marcado em todo o mundo como a data para o combate ao preconceito e ao estigma em torno da doença.
As ações do Dezembro Vermelho buscam sensibilizar a população quanto à importância do acesso à informação adequada sobre HIV e a evolução dos métodos de prevenção e de tratamento. Diversos estudos já demonstraram, por exemplo, níveis indetectáveis de HIV no organismo de uma pessoa que vive com o vírus e esteja em tratamento antirretroviral – isso significa que o vírus, nesse estágio, deixa de ser transmitido a outras pessoas. Este é um passo importante para que se consiga cumprir o compromisso, assinado na Declaração de Paris, de acabar com a epidemia de AIDS enquanto ameaça à saúde pública até 2030. Para alcançar essa meta, comemora-se o Dia Mundial contra a AIDS. Pessoas de todo o planeta se unem para mostrar apoio às pessoas que vivem e são afetadas pelo HIV e para lembrar daqueles que perderam suas vidas devido à AIDS.
Dezembro Vermelho no ano da pandemia: solidariedade mundial
Em 2020, a atenção do mundo se concentrou na pandemia de COVID-19 – que está mostrando, mais uma vez, como a saúde está interligada a outras questões críticas, como redução da desigualdade, direitos humanos, igualdade de gênero, proteção social e crescimento econômico. Com isso em mente, este ano o tema do Dia Mundial contra a AIDS é “Solidariedade mundial, responsabilidade compartilhada”.
A COVID-19 demonstrou que, durante uma pandemia, ninguém está seguro até que todas as pessoas estejam seguras. Deixar as pessoas para trás não é uma opção se quisermos ter sucesso. Eliminar o estigma e a discriminação, colocar as pessoas no centro e fundamentar nossas respostas em direitos humanos e abordagens sensíveis ao gênero são a chave para se acabar com as pandemias conflitantes de HIV e COVID-19.
A pandemia de COVID-19 revelou as desigualdades enraizadas que existem em nossas sociedades. Esta crise de saúde, como muitas outras, atinge as pessoas mais pobres e mais vulneráveis de forma mais dura. Vimos como a crise de COVID-19 intensificou os desafios enfrentados por pessoas que vivem com HIV, mulheres e meninas e populações-chave. Isso inclui o acesso a cuidados de saúde que salvam vidas, e a forma que a crise ampliou as desigualdades sociais e econômicas aumentou a vulnerabilidade de grupos marginalizados ao HIV. No entanto, essa crise também foi um alerta, uma oportunidade de fazer as coisas de maneira diferente—melhor e em conjunto. Em muitos aspectos, a derrota da AIDS como uma ameaça à saúde pública depende de como o mundo responde à COVID-19.
A liderança e o envolvimento das comunidades, fundamentais para o sucesso da resposta à AIDS, também foram essenciais para responder à COVID-19. Vimos inúmeros exemplos de como o ativismo comunitário e a solidariedade foram, mais uma vez, primordiais no fornecimento de informações, serviços, proteção social e esperança às pessoas afetadas pelo HIV. No entanto, essa solidariedade não pode ser de responsabilidade exclusiva das comunidades. Governos, doadores, líderes religiosos, sociedade civil e todas as pessoas precisam contribuir para tornar o mundo um lugar mais saudável.
A solidariedade mundial e responsabilidade compartilhada exigem que vejamos as respostas globais de saúde, incluindo a resposta à AIDS, de uma nova maneira. É necessário que o mundo se reúna para garantir que:
Os direitos das mulheres e meninas e a igualdade de gênero estejam no centro. A pandemia de COVID-19 afetou significativamente os meios de subsistência das mulheres, que foram desproporcionalmente afetadas por medidas de lockdown—que resultou em um aumento da violência contra as mulheres em ambientes domésticos. As mulheres devem ser incluídas nos processos de tomada de decisão que afetam suas vidas. O mundo não pode retroceder décadas de ganhos duramente conquistados em relação à igualdade de gênero.
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