O Rio de Janeiro foi palco do Congresso Mundial de Cardiologia 2022, que terminou dia 15 de outubro, com destaque para temas prioritários na saúde pública, como o impacto social e econômico das doenças cardiovasculares – ainda as que mais matam no Brasil. Mas o lançamento em breve de um novo medicamento contra o excesso do mau colesterol – o inclisiran, administrado com apenas duas injeções por ano – foi sem dúvida a principal novidade terapêutica do evento. Tratar os fatores de risco para esse grupo de doenças ainda é um enorme desafio para os médicos.
A posologia reduzida ao extremo pode salvar muitas vidas, pois apenas 40% das pessoas que vivem com colesterol alto diagnosticado (e que ainda precisam de medicação diária) permanecem usando algum medicamento para controlar o problema.
O LDL, o mal afamado colesterol ruim, que, quando está em taxas elevadas, entope os vasos e forma trombos, é uma das principais causas de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
Inclisiran: o que é, para que serve e como funciona esse remédio para colesterol?
Nesse cenário, o inclisiran (ou Leqvio, nome comercial do produto) despontou entre as temáticas do simpósio. Trata-se da primeira droga de uma nova classe medicamentosa que usa interferência de RNA (RNAi) para aumentar a capacidade do fígado de remover o colesterol ruim do sangue, o LDL. Segundo a cardiologista Roxana Mehran, do Instituto Cardiovascular da Universidade Mount Sinai School of Medicine, o inclisiran representa inovação e avanço no controle do colesterol. “São ministradas duas doses ao ano. Os estudos mostram que ele reduz mortalidade e eventos cardiovasculares (infarto e AVC)”, resume a Dra. Roxana, em entrevista para a coluna Saúde e Bem-Estar.
O inclisiran, administrado no consultório como uma injeção subcutânea a cada seis meses, já foi aprovado pela FDA, agência que regula medicamentos nos Estados Unidos, e outras autoridades sanitárias. No Brasil, está em avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A previsão é que o medicamento esteja disponível no país no primeiros semestre de 2023.
O estudo clínico com inclisiran mostrou que a medicação reduz em até 52% o LDL de forma efetiva e sustentada em pacientes que já utilizam a dose máxima de estatina e que, mesmo assim, não conseguem controlar o colesterol.
REMÉDIO PARA COLESTEROL
Dezessete meses após iniciado um estudo clínico, oito em cada dez pessoas que tomaram inclisiran associado à estatina atingiram a meta de colesterol recomendada, inferior a 70 mg/dL. Já só duas em cada dez pessoas que tomaram placebo, associado à estatina, alcançaram a meta. Vale frisar que o medicamento inclisiran atua de forma diferente de outras terapias, impedindo a produção da proteína-alvo no fígado, aumentando a captação hepática de LDL e eliminando-o da corrente sanguínea.
O inclisiran foi desenvolvido pela The Medicines Co. A empresa foi comprada pela Novartis em 2019 por US$ 9,7 bilhões.
O inclisiran foi bem tolerado, segundo a Novartis, que fabrica a medicação. Entre os efeitos colaterais observados, as reações no local da injeção foram as mais frequentes. Os demais foram geralmente leves, e nenhum foi grave ou persistente.
INCLISIRAN VALOR
O custo do inclisiran é alto, informou a cardiologista Roxana Mehran, embora a Novartis não tenha divulgado o valor da medicação no Congresso Mundial de Cardiologia. Nos Estados Unidos, o tratamento chega a custar até US$ 6.000 por ano.
O bom e o mau
Os tipos de colesterol mais comuns são o HDL e o LDL. O HDL é o bom, com a função de conduzir o colesterol para fora das artérias até o fígado, onde será metabolizado. O LDL, o ruim, transporta o colesterol por todo o organismo, favorecendo o seu depósito nas artérias. Ou seja, quanto mais HDL no organismo, melhor. E quanto menos LDL, melhor ainda.
Fonte: Casa Saudável
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