A interminável pandemia do novo coronavírus virou de cabeça para baixo as relações e os modos de trabalho
Em menos de uma semana, funcionários e empresas foram obrigados a se adaptar ao hoje consagrado home office ou teletrabalho. Pondo fim ao happy hour da hora do almoço ou de fim de tarde entre amigos e colegas, o expediente de trabalho passou a se resumir em muitas horas em casa, na frente do computador ou no celular, equilibrando as tarefas do serviço com os afazeres domésticos – e os apelos e cobranças típicas das relações familiares. Este é um cenário que muito preocupa os especialistas, pois tende a agravar cada vez mais a cada vez mais frequente Síndrome de Burnout. Não é só: estes tempos de pandemia fizeram de UTIs de hospitais os ambientes mais “tóxicos” e estressantes do mundo – uma mistura, 24 horas por dia, de sofrimento, agonia e morte. Os profissionais de saúde ali “internados” desde março são candidatos inevitáveis não só à Covid-19 como à Síndrome do Burnout. Em ambos os casos, o afastamento do trabalho é a “terapia” mais indicada – mas ficar em home office resolve?
Há 20 anos, o maior número de afastamentos era por conta de acidentes do trabalho ou por problemas ortopédicos. Hoje, independentemente da pandemia, a situação se inverteu. Em algumas empresas, 70% são de pacientes com problemas psiquiátricos. Entre eles, a Síndrome de Burnout. O termo foi criado em 1974 pelo psicoterapeuta norte-americano Herbert Freudenberger, ao constatar que alguns trabalhadores apresentavam sintomas como desmotivação e mudanças de humor, além de queixas físicas, como dores nas costas, problemas gastrointestinais e dores de cabeça – um quadro mais complexo que o tradicional “stress”. Um pacote completo de sintomas, relacionados ao ambiente de trabalho. De lá para cá, vem crescendo o número de casos – e a classificação como “burnout”. A síndrome atinge diversas áreas profissionais, com destaque para policiais, profissionais da área da saúde e educação – nesta, professores em classes com predominância de indisciplinados. Pode-se imaginar o número de casos em plena pandemia entre profissionais de saúde.
“O problema tem crescido tanto entre a população mundial que há quem a chame de ‘doença do trabalhador do século 21’. No ano passado, a Organização Mundial da Saúde incluiu a Síndrome na próxima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que passará a valer em 2022. Segundo dados da International Stress Management Association, 33 milhões de brasileiros já desenvolveram em algum momento a Síndrome de Burnout e muitos sofreram o agravamento do quadro durante a pandemia do novo coronavírus, na qual, mesmo em regime home office, a pressão e a cobrança no trabalho aumentaram. As incertezas em relação ao futuro e quando a rotina vai voltar ao “normal” geram medo e intensificam a ansiedade. Com a sobrecarga física e mental, quem precisa cumprir uma rotina de trabalho e ainda atingir metas tem mais risco de desenvolver a doença”.
A Síndrome é reconhecida pelos especialistas por um cansaço devastador, como se as reservas de energia do corpo fossem esgotadas. Uma pessoa que antes apresentava bons resultados, e se mostrava competente e atenciosa, de repente liga o “piloto automático” e, no lugar da motivação, surgem a irritação, falta de concentração, desânimo e sensação de fracasso. Para reconhecer os sinais e tentar se precaver, três características principais marcam a doença. A primeira é a exaustão, a sensação de estar sem recursos físicos e emocionais. Há fraqueza, dores musculares e de cabeça, náuseas, alergias, queda de cabelo, distúrbios do sono, maior suscetibilidade a gripes e até diminuição do desejo sexual – além de sentimentos como desesperança, solidão, raiva, impaciência e depressão. A segunda característica: distanciamento afetivo. O profissional passa a ter contato frio e irônico com os receptores do seu trabalho e, não raro, torna-se uma presença ranzinza e negativista. Já a terceira refere-se mais à produtividade: a pessoa produz pouco e acha que isso não tem valor. As sensações físicas também acontecem de forma gradual: o sono passa a não ser mais reparador como antes, as emoções mudam o tempo todo, intercalando períodos de excitação e desânimo profundo. Na etapa seguinte, a queda do rendimento nas tarefas do trabalho levanta dúvidas sobre a própria capacidade profissional, seguida por um comportamento agressivo com os colegas de trabalho. Quando os ataques de ira se tornam constantes, hormônios como o cortisol passam a ser produzidos e ampliam o risco de diabetes, cardiopatias, doenças autoimunes, crises de pânico e depressão. Enfim, a coisa é complicada – e pode ser incapacitante.
Segundo Virgilio Pereira Neto, psicólogo da Clínica Maia, o tratamento da síndrome é feito basicamente com psicoterapia. No entanto, em determinadas situações, pode envolver também medicamentos antidepressivos e/ou ansiolíticos, devidamente prescritos por um psiquiatra. “O terapeuta vai auxiliar o paciente a encontrar estratégias para combater o estresse constante, à medida em que promove, também, a troca de experiências e o autoconhecimento, visando a melhora da segurança emocional no trabalho”, destaca o psicólogo. Para ele, o exercício físico, como sempre, é fundamental: uma simples caminhada ou sessões regulares de ginástica ajudam a diminuir o super estresse e libera substâncias físicas que promovem o bem-estar.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |