Os cuidados com a pele são negligenciados pelos brasileiros, especialmente entre o público masculino. Essa é uma das conclusões da pesquisa “Sua pele fala – sinais suspeitos e o carcinoma de células de Merkel”, realizada pelo IBOPE Conecta com 2 mil pessoas de todas as regiões do País, a pedido da aliança Pfizer-Merck. A doença é um tipo raro e agressivo de câncer no qual as células tumorais se formam na camada superior da pele, perto de terminações nervosas. E um dos principais fatores de risco para o carcinoma de células de Merkel (CCM) é a exposição solar excessiva e inadequada.
Homens caucasianos, com mais de 50 anos, compõem o grupo de maior risco para o CCM. Apesar disso, apenas 20% dos homens ouvidos pela pesquisa afirmam aplicar protetor solar diariamente, embora a medida seja recomendada pelo Ministério da Saúde para prevenção do câncer de pele. Considerando a amostra geral da pesquisa, esse porcentual sobe para 36%. Além disso, 42% do público masculino ouvido desconhecem que verrugas e nódulos de cor vermelha ou arroxeada podem sugerir um quadro de câncer de pele, um porcentual superior à média geral dos entrevistados, que é de 38%. E somente 48% desses homens disseram ter buscado um dermatologista quando identificaram um desses sinais na pele, medida adotada por 52% do universo total de respondentes.
Reconhecer possíveis manifestações do carcinoma de células de Merkel (CCM) é importante para a detecção precoce da doença, o que contribui para um melhor prognóstico. Já a negligência aos sinais pode dificultar o tratamento, pois esse tipo de câncer tende a crescer rapidamente e a se disseminar para outros órgãos, em função da proximidade com as terminações nervosas da pele.
“A doença é muito agressiva e uma das únicas maneiras de ter um tratamento positivo, com boas chances de sobrevivência, é por meio da identificação da doença ainda nos primeiros estádios. Para isso, é preciso estar atento à própria pele e consultar um dermatologista regularmente”, afirma o médico Elimar Gomes, doutor em oncologia pelo AC Camargo Cancer Center, médico do hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).
Grande parte dos homens ouvidos (76%) afirma que aplica o protetor solar apenas de vez em quando ou somente ao frequentar a praia ou a piscina. Entre as mulheres, esse porcentual cai para 46%. Além disso, metade das entrevistas diz cumprir a recomendação de usar filtro solar diariamente, porcentagem que é de 36% para o total de respondentes da pesquisa. “Com a proximidade do verão, é importante o cuidado redobrado com a pele. Evitar exposição excessiva ao sol entre 10h e 16h, proteger o rosto com chapéu ou boné e usar protetor solar de largo espectro (UVA/UVB), com um elevado fator de proteção solar, todos os dias, são dicas fundamentais”, complementa o dermatologista.
As mulheres também são as mais informadas em relação aos sinais do câncer de pele e 66% delas estão cientes de que verrugas e nódulos de cor vermelha ou arroxeada podem ser manifestações da doença. A maioria delas diz ter buscado um dermatologista quando identificou um desses sinais na pele. “Sabemos que a mulher vai mais ao médico, especialmente ao dermatologista. Além disso, é mais sensível às medidas de prevenção do que os homens. Esses resultados nos mostram que ainda temos um desafio bastante grande na mudança de hábitos da população masculina”, destaca o dermatologista.
Desconhecimento entre os mais jovens
A falta de informação se acentua entre as faixas mais jovens ouvidas pela pesquisa. Quase metade dos entrevistados de 16 a 24 anos de idade, ou 49% desse grupo, não sabe que verrugas ou nódulos de cores vermelha ou arroxeada podem ser sinais de câncer de pele. Por outro lado, esse porcentual cai para 23% entre aqueles com 55 anos ou mais de idade. Essa também é a faixa etária em que a ida ao dermatologista diante de sinais suspeitos é mais frequente: 65% desse grupo diz adotar esse cuidado.
Quando se analisa o uso de protetor solar, porém, há poucas diferenças entre as faixas etárias. Entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, apenas 33% aplicam o produto diariamente e a porcentagem é a mesma na faixa etária daqueles com 55 anos ou mais de idade. Vale lembrar que o carcinoma de células de Merkel costuma surgir nas áreas de pele mais expostas ao sol, incluindo cabeça, pescoço e braços. Mas as lesões também podem aparecer em locais de difícil detecção, como boca, nas cavidades nasais e na garganta. Além disso, os sinais podem ser confundidos com lesões simples, atrasando o diagnóstico.
Uma vez identificado, o médico irá indicar o melhor tratamento. Recentemente, o imunoterápico Bavencio (avelumabe) foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil como monoterapia para o tratamento de pacientes adultos com carcinoma de células de Merkel metastático (CCMm). O medicamento faz parte de uma aliança estratégica global Merck-Pfizer, que foi anunciada em novembro de 2014 para, conjuntamente, desenvolver e comercializar Bavencio.
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