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O que é a doença cardiovascular

FazBem cuidar do coração
Esse amigo do peito é capaz de bater incessantemente por mais de 100 anos, se receber a devida atenção e cuidado.

O dia 29 de setembro é reservado para lembrar de um órgão muito importante. O Dia Mundial do Coração tem o objetivo de conscientizar as pessoas da importância da prevenção das doenças cardiovasculares, potencialmente mortais, por meio da adoção de hábitos saudáveis e diagnóstico precoce. E vale a vida.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)1, meio bilhão de pessoas no mundo e 14 milhões de brasileiros são acometidos por doenças cardiovasculares anualmente. Os números são alarmantes porque essas doenças são responsáveis por mais de 30% das mortes no país. São mais de 380 mil óbitos todos os anos no Brasil.

Por isso, todo dia deve ser Dia Mundial do Coração, 24 horas por dia, pois o cuidado é essencial à vida. E que tal começar agora, em setembro? Neste Setembro Vermelho, escute seu coração, um músculo incansável que bate a uma frequência de 60 a 100 bpm (batimentos por minuto), ao longo de décadas. A pausa seria o fim da vida.

O coração é a mais “workaholic” das estruturas vivas, capaz de manter nosso organismo ativo e eventualmente saudável durante mais de 100 anos, batendo ininterruptamente – se nós o respeitarmos como ele merece. O coração é um conjunto de estruturas nobres que levam sangue para todo o organismo, de maneira cadenciada. Ele é segmentado em quatro cavidades (dois átrios e dois ventrículos) e quatro válvulas (mitral, aórtica, tricúspide e pulmonar), além de um sistema elétrico autônomo de condução.

Cuidados básicos, desde que fiéis e consistentes, preservam essas estruturas, mantendo o calibre das artérias, além da pressão correta e saudável com a qual ele impulsiona o sangue para todo o organismo. Essa pressão é vital: 40% dos infartos do miocárdio e 80% dos Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) são causados por hipertensão não controlada, segundo dados do Conselho Federal de Medicina2.

Da mesma forma que uma orquestra depende de seu regente, o coração é um fabuloso maestro de nosso corpo – oferecendo “música”, ou energia e combustível, para todos os nossos sistemas metabólicos. Os cardiologistas costumam descrever o “mapa” do coração como uma casa de dois andares. No andar superior, os dois átrios – direito e esquerdo. No inferior, os dois ventrículos. Os átrios possuem massa muscular menor em relação aos ventrículos; o direito recebe o sangue que vem da cabeça, membros superiores, inferiores e órgãos torácicos e abdominais. O átrio esquerdo recebe o sangue que vem oxigenado dos pulmões. Já os ventrículos executam função pulsátil, o direito bombeia sangue para os pulmões e o esquerdo bombeia sangue, via artéria aorta, para o restante do corpo. Isso sem parar.

Como a maioria das pessoas não adota essa postura, as doenças cardíacas e os acidentes vasculares cerebrais, pandemia à parte, continuam sendo as principais causas de morte no mundo.

Diante desses números, o cardiologista Otávio Celso Eluf Gebara, superintendente médico do Hospital Santa Paula, destaca a mensagem de prevenção que os cardiologistas e demais profissionais de saúde devem disseminar no Dia Mundial do Coração e durante o Setembro Vermelho: “Essas doenças têm uma lenta, longa e muitas vezes silenciosa evolução. Quando há uma manifestação clínica, vem à cabeça a imagem do iceberg: o problema começou a se desenvolver muito tempo antes de vir à tona. Identificar fatores de risco e fazer precocemente a abordagem não-medicamentosa, ou às vezes já medicamentosa, é a estratégia recomendada”.

O aumento progressivo da longevidade humana, pelo controle das infecções, tem aumentado o risco de doenças crônicas, sobretudo as condições cardiovasculares. Quando as pessoas morriam com 40 anos de idade, infarto era uma raridade. Hoje, a expectativa média de vida do brasileiro é de 75 anos. No entanto, a prevenção das doenças cardíacas é muito mais eficiente do que a do câncer, por exemplo. O especialista comenta: “Se você controla a pressão alta, o colesterol e o diabetes, com a infinidade de medicamentos que hoje existem no mercado, o resultado, em termos de longevidade, é muito melhor”.

Segundo o cardiologista, a pressão alta é uma doença de base com graves consequências – 40% da população brasileira acima dos 50 anos tem hipertensão. Portanto, a chance de uma pessoa com mais de 50 anos estar com pressão alta na primeira aferição é praticamente uma em duas. E esse fator de risco número 1 é potencializado se, simultaneamente, a pessoa tiver outros – como histórico familiar, sobrepeso, tabagismo, colesterol elevado, dieta inadequada, sedentarismo. O conjunto desses fatores compõe o que os especialistas chamam de “risco cardiovascular global”. Reduzi-lo, portanto, é um pacto com a vida.

Compensa cuidar bem do coração – mudanças no estilo de vida e aceitação do tratamento para cada uma das patologias cardiovasculares são capazes de aumentar significativamente a expectativa e a qualidade de vida.

Bate, coração

Além da hipertensão arterial, que pode lesionar inúmeros órgãos durante anos a fio sem dar aviso, grande parte das doenças cardiovasculares está relacionada à aterosclerose – conjunto de placas de gordura que se depositam nas artérias, dificultando e até bloqueando a passagem do sangue. As consequências são o infarto do miocárdio ou o AVC, de acordo com informações da American Heart Association3.

Infarto do miocárdio, popularmente conhecido como ataque do coração

Um coágulo sanguíneo que bloqueia a circulação sanguínea nas artérias coronárias culmina no o infarto do miocárdio. A morte ocorre em até 40% dos casos. Em outros infartos, lesões definitivas do músculo cardíaco cobrarão seu preço por meio da insuficiência cardíaca – que pode ser amenizada com o uso de medicamentos específicos.

Derrame

Quando um vaso que irriga o cérebro é bloqueado, o efeito pode se dar de duas maneiras: um AVC isquêmico, no qual o sangue deixa de circular na região “alimentada” pela artéria afetada – o que ocorre em 85% dos casos de AVC; nos outros 15%, ocorre um derrame hemorrágico, muito mais grave, pois lesa um número muito maior de células cerebrais.

Insuficiência cardíaca

Quando o coração deixa de bombear a quantidade normal de sangue, as necessidades do organismo em termos de oxigênio passam a não ser atendidas – afetando gravemente a qualidade de vida. A condição pode se deteriorar com o tempo, se não for tratada – mas melhora significativamente com mudanças de estilo de vida e medicamentos receitados pelo cardiologista.

Arritmia cardíaca

Ritmo anormal de batimentos cardíacos, para mais (taquicardia, mais de 100 bpm) ou para menos (bradicardia, menos de 60 bpm). Essa irregularidade pode conduzir a eventos cardiovasculares muito graves.

Lesões nas válvulas cardíacas

Quando uma das quatro válvulas do coração não se abre suficientemente para impulsionar a passagem do sangue, o resultado é a chamada estenose valvular. Quando a válvula não se fecha adequadamente após a passagem do sangue, ocorre a chamada regurgitação. Há medicamentos eficientes para regularizar esses defeitos valvulares nos estágios iniciais. E cirurgias bastante seguras para a troca das válvulas afetadas.

As doenças cardiovasculares no balcão da farmácia

Pacientes cardíacos são clientes que as farmácias e drogarias classificam como crônicos, pois seus cuidados preventivos e farmacológicos serão para toda a vida. Nos últimos tempos, com o aprimoramento da chamada Assistência Farmacêutica, ou Cuidado Farmacêutico, as farmácias têm se tornado, cada vez mais, a porta de entrada do nosso sistema público de saúde. O país tem mais de 80 mil farmácias e drogarias – incluindo cidades distantes de grandes centros e estruturas de saúde. Elas não fecharam um único dia desde o começo da pandemia.

A maior parte de seus clientes crônicos são pacientes idosos, que costumam ser polimedicados, trazendo nas mãos prescrições complexas com múltiplos itens contra várias condições de saúde, que devem ser ingeridos simultaneamente. Nesse ponto, um estabelecimento que valorize o cuidado farmacêutico pode ter uma função essencial, orientando tanto paciente quanto médicos nos ajustes necessários de dosagens e evitando interações medicamentosas que podem ser prejudiciais.

É o que a Dra. Eliete Bachrany faz em boa parte de suas nove horas diárias de plantão na Ultrafarma Popular do bairro da Mooca, em São Paulo. Formada em Ciências Farmacêuticas há 10 anos, a Dra. Eliete se dedica ao varejo farmacêutico há 25 anos e entende a importância social desse estabelecimento, ainda mais neste momento de pandemia, atuando na linha de frente da luta contra a COVID-19.

Com relação a clientes idosos ou fragilizados, ela tem acompanhado alguns que acabaram de receber alta hospitalar, recém-saídos de dietas enterais (por sondas), ajudando-os a adaptar outras dietas e medicamentos a essa condição. No entanto, segundo a farmacêutica, os doentes cardiovasculares são, de fato, os que requerem cuidados mais frequentes.

O farmacêutico é o único profissional de saúde que sabe, na prática, como esses pacientes estão sendo medicados em suas variadas deficiências orgânicas – como pressão alta, excesso de colesterol e diabetes. Ela dá um exemplo de intervenção farmacêutica prudente: “Medicamentos para hiperplasia da próstata podem potencializar o efeito de certos anti-hipertensivos, reduzindo a pressão arterial a níveis perigosos”.

Em idosos, uma pressão abaixo de níveis normais pode causar um aumento do risco de quedas e, portanto, deve ser evitada. “A visão do farmacêutico, em relação ao paciente que frequenta sua farmácia, é privilegiada em termos de observar e levar em conta eventuais comorbidades, como obesidade e diabetes”.

Segundo a Dra. Eliete, medicamentos contra doenças crônicas receitados em dosagens acima dos protocolos devem estimular o farmacêutico a procurar o médico prescritor, por telefone ou por escrito, a fim de eventualmente revisar a prescrição e beneficiar o paciente. “Às vezes, a dose é aumentada pelo médico porque a dosagem da primeira prescrição não resultou em controle da doença. Todavia, uma conversa franca com o farmacêutico pode levar à informação de que, na verdade, não houve adesão do paciente ao tratamento inicial – daí o insucesso do medicamento na dosagem normal”, analisa a Dra. Eliete. Nesse sentido, o cuidado farmacêutico deve estar no coração de cada farmácia.

 

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Referências

_________________

1 Sociedade Brasileira de Cardiologia: https://www.portal.cardiol.br/post/sociedade-brasileira-de-cardiologia-apresenta-nova-plataforma-de-dados

2 Conselho Federal de Medicina: https://portal.cfm.org.br/

3American Heart Association: https://www.heart.org/en/health-topics/consumer-healthcare/what-is-cardiovascular-disease

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