Há três meses, esse clássico sintoma das doenças respiratórias ganhou novo contexto, com a explosão da Covid-19. Mas a tosse – esse desagradável “botar para fora” aparentemente produzido por pulmões afetados, quase sempre aliviado com xaropes oferecidos pelas farmácias – extrapola qualquer pandemia, pois é associado a gripes, bronquites e eventualmente a outras doenças até muito mais graves, como câncer de pulmão. Por isso, embora faça parte da rotina das pessoas, geralmente sem maior gravidade, a tosse deve ser investigada sempre que durar mais de 15 dias – como informam os especialistas da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
Tossir é um mecanismo de defesa ou reflexo do corpo que permite à pessoa expelir material presente das vias respiratórias. Embora a tosse seja uma das queixas mais comuns nos consultórios, especialmente nos meses mais frios, muitas pessoas não a consideram um problema que mereça uma visita médica. Tosse de curta duração (aguda) é aquela que dura até três semanas e, na maioria das vezes, é infecciosa. Nos meses do inverno, sete em cada dez casos são viroses – resfriados, gripes, alergias e asma. Caso se trate de uma simples infecção, a tosse deve passar em duas ou três semanas. Quando dura mais do que isso, já não é mais aguda e sempre precisa ser investigada.
Segundo os especialistas, cerca de 8% da população global convive com essa condição, especialmente nas regiões metropolitanas, onde a exposição a agentes irritantes aumenta o risco de ter tosse, sem falar dos hábitos da vida moderna – como a obesidade, que, entre outras coisas, reduz a imunidade. Por que temos tosse? Para início de conversa, há dois tipos de tosse: a seca e a produtiva. É a presença ou não de muco que estabelece essa diferença. Na tosse produtiva, a secreção se movimenta e é eliminada; na seca, esse catarro parece não existir. Na produtiva, o mecanismo fundamental para tratamento da tosse é a hidratação do muco. Quanto mais fácil for eliminá-lo, mais depressa a tosse vai desaparecer. Outro dado importante para o diagnóstico é o aspecto da secreção da tosse produtiva. Quando é aquosa e clara, está geralmente associada a alergias, infecções virais das vias respiratórias superiores, asma ou irritações provocadas pelo fumo. Secreção mais espessa, de coloração amarelada ou esverdeada, pode indicar bronquite, sinusite ou pneumonia. As cores marrom e vermelha indicam presença de sangue e sugerem irritações graves, como pneumonia, tuberculose ou até câncer de pulmão.
Como observa o pneumologista Daniel Deheinzelin, professor do Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde no Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa, normalmente as pessoas associam a tosse aos pulmões, mas uma das causas mais frequentes desses episódios é o refluxo gastroesofágico, que nada tem a ver com o pulmão. Muitos pacientes procuram os consultórios de pneumologia desanimados, porque já tiraram radiografias, tomaram xaropes e antibióticos e não melhoraram. Nesses casos, a causa do problema pode não estar no aparelho respiratório, mas no digestivo. O chamado refluxo gastroesofágico é provocado no esôfago, através de uma reação inflamatória que por si só é capaz de ativar o reflexo da tosse. Se esse ácido subir até as vias aéreas
superiores, for aspirado e cair no pulmão, mesmo que esteja livre de bactérias, causa uma pneumonia extremamente grave, a pneumonia aspirativa, que também ativa o reflexo de tosse.
O fumo talvez seja a causa mais direta de tosse, porque aumenta o volume de muco produzido pelos brônquios, causa irritação física e química das mucosas, destrói os cílios que cobrem o revestimento interno dos brônquios, facilita o acúmulo de material estranho às vias aéreas. Fumar não é uma boa, nunca…
Diagnóstico a partir da tosse persistente
Além do exame clínico e do levantamento do histórico do paciente, alguns exames de laboratório e de imagem podem ser necessários.
Entre os xaropes, os broncodilatadores são mais eficientes para alguns casos de tosse aguda, pois ajudam a abrir os brônquios para eliminar o muco acumulado. No caso da tosse persistente, o tratamento bem-sucedido depende diretamente de que o diagnóstico seja bem estabelecido e a causa inteiramente determinada.
Sim, alguns podem ter como efeito colateral a tosse seca crônica, de longa duração – principalmente os anti-hipertensivos do tipo IECA (inibidores da enzina conversora de angiotensina), como o captopril e o enalapril, em cerca de 10% dos casos. Se isso acontecer, o médico saberá substituir esses medicamentos por outros anti-hipertensivos.
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