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H3N2: A nova gripe e a chegada do outono

 

Não bastasse a pandemia da Covid-19, que já matou quase 650 mil brasileiros, neste segundo trimestre do ano outra sigla nos ameaça – e nos leva às farmácias à procura de alívio em suas prateleiras. Quando se fala em gripe, estamos nos referindo às infecções causadas pelo vírus Influenza, que apresenta subtipos denominados A, B e C, de acordo com suas características genéticas. As letras H e N que classificam os vírus da gripe se referem às variantes de duas proteínas importantes para a infecção:

H, de Hemaglutinina; e N, de Neuroaminidase. Essas proteínas sofrem mutação com menor intensidade, mas, quando o fazem, geralmente são responsáveis por grandes surtos de gripe, como a tragicamente célebre Espanhola, em 1918, causada pelo H1N1; e a Gripe Asiática, em 1957, causada pelo H2N2. Conforme são observadas mudanças na estrutura dessas proteínas, elas recebem numerações, tais como H1N1 ou H2N2. Nos recentes surtos de gripe, foi verificada a infecção pelo subtipo Influenza A (H3N2).

De acordo com o infectologista Marcelo Eichholzer, professor docente de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), os sintomas da H3N2 são semelhantes aos da gripe causada por outras cepas e a incubação pode ser de 12h a três dias. “Geralmente, o início do quadro é súbito – com mal-estar, calafrios, tremores, dores de cabeça, dores no corpo, febre e perda de apetite. Evolui com coriza, dor de garganta e tosse seca. Em alguns casos, apresenta complicações, como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com pneumonite viral, fôlego curto e rápido, além de baixa da oxigenação – e pode causar infecções bacterianas secundárias, além de potencializar descompensações de doenças crônicas cardiopulmonares, como asma, insuficiência cardíaca, doenças reumatológicas, renais e hepáticas”.

Vacina em 2022

O Dr. Marcelo Eichholzer afirma que a eficiência da vacina da gripe é entre 60% e 80% dos vacinados. O material vacinal é disponibilizado de acordo com as variantes circulantes em cada ano e o atual protege contra a Influenza A H1N1, H2N2, H3N2 e Influenza B. Ele ressalta que em 2021 houve uma baixa adesão da população à vacinação da gripe, por conta da epidemia e da vacinação contra Covid-19, o que favoreceu a circulação de outras cepas.

A imunologista Camila Sacchelli, professora de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), campus Higienópolis, diz que a atual vacina tem eficácia distinta para cada subtipo, sendo em geral mais baixa para o H3N2. De todo modo, estamos sempre expostos a todos eles e a vacina tem reduzido bastante a ocorrência de internações e mortes por gripe, principalmente em crianças e idosos. A médica ressalta que é importante considerar como fator agravante a pandemia da Covid-19, que influenciou negativamente a cobertura vacinal de outras doenças, incluindo a gripe. “Tanto o isolamento quanto o medo gerado por notícias falsas provocaram uma redução importante na cobertura vacinal, tanto de crianças e idosos, como de adultos saudáveis, que em geral se vacinam para gripe em clínicas particulares. No ano passado, o governo inclusive liberou a vacina gratuitamente a toda população, visando aumentar a imunidade”. O Dr. Marcelo destaca que o Instituto Butantan, que produz a vacina da gripe no Brasil, já incluiu a cepa Darwin para a vacina deste ano, que será distribuída no SUS em todos os municípios e seguirá o calendário vacinal normalmente. A Dra. Camila informa que o Brasil inicia a campanha de vacinação contra a gripe em abril/maio, período que antecede o inverno, quando a permanência em lugares fechados aumenta a incidência da doença.

Como não confundir Covid-19 com H3N2

A orientação dos especialistas é: diante do aparecimento dos sintomas, as pessoas devem buscar atendimento médico, para o diagnóstico laboratorial diferencial – e, se possível, fazer o isolamento, independentemente da infecção. A nova cepa do Coronavírus, a Ômicron, acaba por se confundir com sintomas gripais, principalmente na população já vacinada. Os sintomas são semelhantes entre as duas doenças – e causam confusão diagnóstica. Testes específicos são indicados – só clinicamente não é possível fazer a diferenciação. A transmissão da gripe se dá pelos mesmos meios da disseminação do Coronavírus: gotículas durante a fala, respiração, tosse, espirros e por contato com secreções. Para se proteger de ambas, vacinação à parte, é preciso adotar e manter a tão falada etiqueta respiratória difundida durante o surto de SARS-COV2: manter ambientes arejados, cobrir a boca ao espirrar (de preferência com antebraço), limpeza das mãos com água e sabão ou álcool gel, evitar contato com mucosas (olhos, nariz, boca), manter distanciamento e evitar aglomerações. Como é uma doença de transmissão aérea/contato, as mesmas medidas para a Covid-19 também previnem a gripe.

O tratamento

A terapia contra o estado gripal causado pelo vírus H3N2 tem como objetivo promover o alívio dos sintomas, podendo ser recomendado pelos médicos:

  • Repouso
  • Uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, como o Paracetamol e o Ibuprofeno, respectivamente, que devem seguir recomendação médica.
  • Uso de medicamentos antivirais, em alguns casos, para diminuir a taxa de multiplicação do vírus, que devem seguir recomendação médica.

Além disso, é importante que, durante o tratamento para a infecção pelo H3N2, a pessoa permaneça em isolamento por cerca de sete dias para evitar a transmissão a outras pessoas.

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