Malas feitas, passaporte na mão, roteiro meticulosamente planejado. Falta alguma coisa? E a farmacinha de viagem? Sim, porque se o destino for o exterior, comprar remédios fora do Brasil pode ser uma tarefa bastante complicada. E mesmo em viagens locais, é sempre muito mais saudável ter o remedinho em mãos do que sair à procura de uma farmácia na região.
Se o arsenal terapêutico de viagem for composto apenas de medicamentos isentos de prescrição, não é nem necessário passar pelo médico antes de embarcar: a farmácia básica é a do dia a dia, de uso contínuo, acrescida de remédios para situações típicas de viagem – como enjoos, insolações e queimaduras (se o destino for de verão), intoxicação alimentar, dores musculares. A jornalista Marina Heimer, que mantém um blog chamado “Imagina na viagem” e presta consultoria personalizada a viajantes internacionais, resume assim o kit-turista: “Quaisquer medicamentos obrigatórios que a pessoa use regularmente: o anticoncepcional, o anti-hipertensivo, o remédio para controle do diabetes. Antes de embarcar, o viajante deve fazer uma listinha contendo todos eles e certificar-se de ter incluído em sua farmacinha a quantidade suficiente para toda a extensão do passeio. Pra não ter erro, antes de fechar a mala, vale fazer um duplo-check”. A outra “prateleira” dessa farmacinha-viajante é a dos remédios de ocasião – para eventualidades típicas de viagem:
ANALGÉSICOS E ANTITÉRMICOS – para dor e febre
ANTIESPASMÓDICOS / DORES ABDOMINAIS – são aliados indispensáveis da mulher no período da menstruação, bem como nas cólicas intestinais, ocorrência frequente em viagens, com mudança de temperos e climas.
RELAXANTES MUSCULARES – depois de longas horas em voos internacionais, é comum sentir dores musculares. As longas caminhadas durante as viagens também podem desencadear alguns desconfortos.
ANTIGRIPAIS / REMÉDIOS PARA GARGANTA / DESCONGESTIONANTES – sobretudo no inverno, o turista fica mais exposto a vírus diferentes, para os quais ainda não tem anticorpos. Gripes de viagem são bastante comuns – e seus sintomas, às vezes exuberantes, precisam de tratamento.
INTESTINO E DIGESTÃO – esse capítulo merece um kit específico. Azia, má digestão, intestino preso ou solto são problemas – quase sempre – de fácil resolução, desde que tenhamos as ferramentas certas para combatê-los: antigases, antiácidos, laxantes, antidiarreicos.
ANTIALÉRGICOS – os alérgicos sabem que não devem sair de viagem sem proteção contra crises respiratórias, dermatológicas ou produzidas por picadas de insetos. A preferência óbvia deve ser por antialérgicos que não causam sonolência. Viagem exige bem-estar e animação.
ANTIEMÉTICOS – talvez a categoria mais “viajante” dos males de viagem: remédios para enjoo devem acompanhar quem costuma sentir náuseas durante o voo.
REPELENTE – item obrigatório na mala de quem viaja para áreas rurais, praias ou locais com doenças endêmicas transmitidas por mosquitos.
LENTES DE CONTATO/COLÍRIOS – o kit deve incluir obrigatoriamente uma solução de limpeza e armazenamento para quem usa lentes de contato, bem como colírio e, pelo menos, um par de lentes sobressalentes.
HIDRATANTE – em lugares mais frios ou viagens mais longos, a pele pode sofrer bastante com o ressecamento. Em casos mais extremos, o ressecamento causa até ferimentos. Por isso, o hidratante de viagem tem muito mais a ver com saúde do que com estética
TERMÔMETRO, BAND-AID – itens complementares indispensáveis em viagem
MEDIDORES DE GLICOSE, SERINGAS, INSULINA E DEMAIS ITENS PARA CONTROLE DA DIABETES – só para diabéticos, evidentemente
Há um médico a bordo?
Quem viaja de avião com frequência já deve ter ouvido a pergunta aflita de um dos comissários. Muitos passageiros se sentem mal a bordo de aviões, seja pelo agravamento de doenças pré-existentes ou pela manifestação de síndromes próprias da altitude e da longa imobilização. O que é preciso saber sobre sua saúde antes de embarcar? O Conselho Federal de Medicina fez uma espécie de cartilha com dicas úteis para viajantes aéreos. Antes de mais nada, uma regra básica: o check-up deve vir antes do check-in… Ou seja: problemas a bordo começam em terra. A cartilha do CFM, dirigida a médicos, passageiros e tripulantes de empresas aéreas, traz dicas que podem evitar o agravamento de condições pré-existentes.
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS
Viagens aéreas são contraindicadas para passageiros com infecções ativas (pneumonia e sinusite), pois pode ocorrer agravamento dos sintomas, além do risco de disseminação da doença entre os outros passageiros. Quadros graves recentes de asma brônquica também são incapacitantes para o voo.
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Pessoas acometidas de complicações cardiovasculares devem ser orientadas a adiar seu voo durante o período de estabilização e recuperação. Exemplos:
* Infarto não complicado: aguardar duas a três semanas.
Trombose venosa
Uma das situações com maior potencial de perigo nas viagens de longa duração: a permanência na posição sentada, com pouco espaço para movimentar as pernas, provoca um acúmulo de líquidos nos membros inferiores e pode causar inchaço nas pernas e nos pés. Na pior das hipóteses, pode ocorrer trombose venosa profunda, também chamada de “síndrome da classe econômica”. São coágulos nas veias profundas das pernas, que se desprendem e deslocam pelo corpo, podendo atingir a circulação de um orgão vital. Os grupos de risco são as mulheres que usam anticoncepcionais orais ou com varizes e outros problemas circulatórios; pessoas que já tenham tido algum tipo de trombose ou se submeteram a cirurgias cardiovasculares e quem esteve acamado durante um longo período e viaja logo em seguida.
Medidas preventivas: procurar movimentar-se o mais possível dentro do avião; usar meias de compressão (existem nas farmácias meias específicas para viagem), roupas e sapatos largos e confortáveis. Beber bastante líquido para evitar a desidratação.
E boa viagem.
Marina Heimer
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