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Farmácias caminham para se tornar hubs de saúde

Há uma forte tendência de as farmácias irem além do varejo para oferecer exames clínicos e atendimentos de saúde primária.

As farmácias foram, sem dúvida, grandes protagonistas positivas na pandemia por Covid-19 em todo o mundo. Muito além da comercialização de medicamentos, máscaras e álcool-gel, elas passaram a realizar testes rápidos para o diagnóstico de infecções por coronavírus – em tempos de filas quilométricas no drive-thru dos laboratórios para realizar um exame PCR, muitas vezes acompanhado de uma longa espera para obter os resultados, o serviço se mostrou fundamental para conter a crise sanitária. De acordo com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, Abrafarma, do início da pandemia até abril de 2022 foram realizados mais de 16,8 milhões de testes nas farmácias brasileiras. Esse novo papel apenas destacou uma tendência que já vinha ganhando espaço timidamente no mercado antes da pandemia: farmácias atuando como hubs de saúde, oferecendo cuidados médicos que vão além do varejo. Com a expectativa de vida da população cada vez maior, é natural que a demanda por cuidados médicos também aumente, o que abre uma nova oportunidade de mercado para o segmento, que já se preparava para explorar um novo ciclo de crescimento. Para a patologista clínica Paula Távora, médica que atua há mais de 30 anos na medicina primária, “é uma questão de tempo para as farmácias oferecerem mais serviços de saúde. Acredito que em 2022 já teremos uma adequação da regulação dos ambientes onde são realizados exames laboratoriais”.

Necessidade de mudança na legislação

Atualmente, além de oferecer o teste rápido para diagnóstico de Covid, as farmácias brasileiras também podem realizar o teste para medir glicemia, aplicar algumas vacinas, como a da gripe, e comercializar exames que confirmam uma gravidez ou que detectam uma infecção por HIV, por exemplo. Tudo isso graças a uma lei de 2014, que representa um marco para o setor, elevando as farmácias ao grau de estabelecimento de saúde, consideradas como “unidades de prestação de assistência farmacêutica, à saúde e orientação sanitária individual e coletiva”.

Ainda assim, é muito pouco perto do que já se ocorre em outros países, como os Estados Unidos. No caso da legislação que trata dos exames laboratoriais, que existe desde 2005, há três anos existe um movimento para modificar a agenda regulatória e, consequentemente, permitir que as farmácias proponham de forma mais abrangente esse tipo de serviço e não apenas alguns exames pontuais. Na época, o debate gerou questionamentos sobre o risco de transformar a saúde em varejo. Contudo, em 26 de abril houve uma nova audiência pública para discutir o assunto e coletar novos dados, pois a pandemia modificou a compreensão de mercado em relação a acesso e confiabilidade dos exames realizados em farmácias. A expectativa entre profissionais do setor é que ainda este ano haja alterações na regulação.

Autorização em Belo Horizonte

Com a autorização de uma Instrução de Serviço da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, sob nº 0001/2019, a rede mineira Drogaria Araújo, conseguiu abrir o leque de serviços e oferecer mais opções de diagnóstico – entre eles, o PSA, que detecta a proteína associada ao câncer de próstata, exames para sífilis e arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, e testes para medir taxas de vitamina D e colesterol.
Na avaliação de Isabel Dias, gerente técnica da Drogaria Araújo, “com esses serviços, as farmácias funcionam como uma triagem dos casos que realmente precisam procurar um consultório médico ou pronto-socorro. Muita coisa poderia ser resolvida dentro da rede farmacêutica. Às vezes ocorre uma alteração de glicose por conta de uma má administração do medicamento e o paciente busca ajuda médica, muitas vezes encarando longas distâncias e muitas esperam, quando o problema poderia ser facilmente resolvido dentro de uma farmácia, com os profissionais habilitados para isso”.

 

Mais do que exames

Em um mundo ideal, com aval da legislação, o modelo de negócio no qual as farmácias funcionam também como hubs de saúde faria ainda mais do que apenas exames de rotina. Um paciente diabético, por exemplo, poderia controlar suas taxas de glicose, analisar o peso corporal e fazer alterações na alimentação, obter assistência para aprender a administrar corretamente a aplicação de insulina e examinar os pés com um podólogo para evitar complicações da doença. Os Testes Laboratoriais Remotos, também conhecidos como Point-of-Care Testing, são aliados desse modelo de atendimento, que combina tecnologia e inteligência artificial para realizar exames nos quais a coleta pode ser feita fora do laboratório clínico, em locais mais próximos ao paciente.

 

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