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Farmacêutico – Nobre Missão

O farmacêutico é hoje um profissional fundamental para o conceito da farmácia como porta da saúde no Brasil – seu dia é celebrado em 20 de janeiro. E as faculdades de Farmácia têm um papel vital nessa nova e inevitável tendência. O curso da Universidade de Guarulhos (UNG), na Grande São Paulo, é um dos mais sintonizados com esses novos tempos. Seu coordenador, Prof. Fábio Ribeiro da Silva, aos 14 anos já trabalhava na farmácia do pai. Depois, já “contaminado” pela profissão, fez faculdade de Farmácia e se tornou Mestre e Doutor pela USP. Hoje é parceiro da ABCFARMA – que conversou com ele, que representa bem o farmacêutico

A sugestão de criar uma data para celebrar os farmacêuticos surgiu em 1941, durante reunião da Associação Brasileira de Farmacêuticos. Mas só em 2007, através da Resolução 460, o Conselho Federal de Farmácia reconheceu o Dia do Farmacêutico. A escolha da data: no dia 20 de janeiro é comemorado o aniversário da Associação Brasileira de Farmácia, criada em 1916.

Qual é o papel do farmacêutico numa farmácia, hoje?

Permita-me dizer inicialmente que fiquei feliz com a preocupação da ABCFARMA com o novo farmacêutico que está chegando ao mercado – nota-se aí, através da ABCFARMA, a evolução do comércio e da indústria farmacêutica. Meu pai era farmacêutico de raiz, um oficial de Farmácia com CRF – há 50 anos, estava num balcão de farmácia, aqui em Guarulhos mesmo, prestando assistência de saúde a seus clientes. Era o “médico” da região, fazia a diferença na vida das pessoas. Comecei a trabalhar com ele na farmácia aos 14 anos. Com 15, já aplicava injeção. Mas entendo perfeitamente a oposição da ABCFARMA, na época, à presença obrigatória do farmacêutico em todas as farmácias do país: no começo dessa legislação, o farmacêutico só assinava presença. Era o que chamávamos de “assinacêutico”. Claro, isso avançou. Nossa grande luta até hoje é a de conscientizar o farmacêutico e os futuros farmacêuticos aqui na Universidade de seu verdadeiro papel. Reforçar a informação de que o remédio tal tem de ser tomado a cada oito horas o balconista treinado também faz. A missão do farmacêutico hoje vai além. Para essa conscientização, vemos até a ABCFARMA e o CRF-SP trabalhando juntos. Há rusgas, mas alinhamentos. As entidades se respeitam. O farmacêutico hoje deve ter um conhecimento técnico acima do beabá da dispensação de medicamentos. E a mudança deve partir do farmacêutico.

E como entra a faculdade nisso?
Coordeno o curso de Farmácia da principal universidade de Guarulhos e região. Temos hoje mais de 300 alunos na Faculdade de Farmácia, atendendo a todas as diretrizes curriculares – e 80% de mestres e doutores no corpo docente. Sou muito rigoroso em relação ao nível de profissional que formaremos aqui. Eu digo aos alunos: aqui vocês não são apenas um registro acadêmico. Vocês têm nome e sobrenome e eu quero saber o que será de vocês na vida. Você tem de se conscientizar de que estamos colocando no mercado profissionais de que a sociedade precisa. A grande maioria das escolas, porém, não está preocupada com isso – e isso não se aplica apenas à Farmácia. E, infelizmente, é preciso reconhecer também que muitos alunos não desejam se capacitar – apenas querem um diploma. Cabe a nós, professores, mostrar a eles que um diploma apenas não resolve sua vida. É preciso entender o que você vai ser lá na frente. Eu amo a profissão de Farmácia. Sou farmacêutico por paixão, e vivo essa realidade desde moleque. Por isso fico no pé deles em relação a essa realidade.

Essa realidade inclui a constatação de que, com 80 mil estabelecimentos em todo o país, a farmácia é hoje a porta da saúde no Brasil…

Exatamente. E o farmacêutico precisa ter essa consciência – que eu ouso dizer que ele ainda não tem. Já me conscientizei de que não consigo resolver o problema do mundo, mas minha parte eu faço…A senhoraa que eu estava atendendo quando você chegou acaba de de se formar com todas as dificuldades do mundo – mas algo ela tinha em seu interior: vontade, interesse, comprometimento, seriedade. São coisas que você não aprende – tem dentro de você.

O atual currículo das faculdades de Farmácia já é direcionado para essa nova realidade das farmácias?
Deve estar. E esse é o diferencial de nosso curso. Temos um ambulatório de atenção farmacêutica – com consultórios de atendimento. E temos um projeto de montar uma farmácia-modelo, com farmacêuticos, que serão uma espécie de estágio prático, com orientação e dispensação.

Essas salas ou consultórios de atendimento farmacêutico que muitas lojas já adotaram em todo o país já funcionam a contento, em sua visão?

De uma forma geral, não. Os farmacêuticos ainda precisam se capacitar mais. Faço uma comparação com o médico. Ele sai da faculdade, depois de seis anos de estudos, como clínico…geral. Viu de tudo um pouco, mas ainda não pode se especializar. Aí ele vai fazer Residência em alguma especialidade. A Farmácia vai pelo mesmo caminho. O farmacêutico sai da escola com uma formação geral. Aqueles que saem da faculdade e querem trabalhar nessa modalidade de atendimento precisam se aprofundar – através, por exemplo, de um curso de pós-graduação sólido – aliás, sou coordenador de um desses cursos de assistência farmacêutica avançada, através da parceria do i-Bras com a Abrafarma, com professores de vasta experiência em atendimento. E, muito importante: a pessoa precisa ter um perfil adequado. É preciso gostar de gente. Eu disse isso semana passada, na reunião do GT na ABCFARMA, conduzida brilhantemente pela Michelle Reis, uma grande parceira, apaixonada pela Farmácia. Nessa reunião, foi colocado à mesa que há três perfis de farmacêutico que o varejo precisa: atendimento clínico, gestão e gerência. O farmacêutico sai pronto da escola para uma dessas vertentes? Não.

Quantos alunos estão se formando este ano no curso de Farmácia? Você conversa com cada um deles na hora da despedida? Qual é a expectativa média deles em relação ao mercado?
Cerca de 60. Converso, sim. Sou muito próximo deles, ao longo de todo o curso. Muitos tiveram dificuldades para se formar. Ao saírem da escola, querem trabalhar.

Essa nova realidade, a da farmácia como porta da saúde no Brasil, exige mesmo uma sala própria?
A tendência básica do farmacêutico é dar orientação. Mesmo que ele não tenha um consultório privativo para dar uma assistência mais rebuscada, ele terá sempre condições de orientar o cliente adequadamente em relação, por exemplo, a uma interação medicamentosa. É claro que a farmácia tem um veio comercial – até porque meu pai teve farmácia. Precisa vender e gerar lucro. Mas o farmacêutico não deve colocar isso como o ponto primário de sua função – orientar os pacientes, agregando valor ao ato de dispensação, é essencial. Quando se examinou o teor das resoluções 585 e 586, do CFF, que estabeleceram as atribuições clínicas do farmacêutico e as condições para a prescrição farmacêutica, a principal contestação foi: o cliente da farmácia não quer esperar. Mas pensei comigo mesmo: por que não espera? Num médico, num dentista, num nutricionista, o cliente espera. Por que não espera na farmácia? Porque, em todas essas situações, você vai buscar um serviço – uma palavra, uma orientação, uma opinião. Na farmácia, as pessoas não esperam porque vão ali buscar um…produto. Ainda não sabem que, além do produto, muitas já oferecem esse serviço.

E é o farmacêutico que tem de informar ao cliente que esse serviço existe. E, sendo um serviço, deve ser cobrado – e divulgado. Mas se o paciente não enxergar ali um valor agregado, não vai querer pagar pelo serviço. Ou seja: será um processo, uma mudança de percepção de valores, de conquista de confiança – que pode levar algum tempo. Eu diria uns 10 anos.

Oferecer um serviço de qualidade e inspirador dessa confiança pode ser determinante para o sucesso de uma farmácia que tem diversos concorrentes no bairro?
Sem dúvida. Hoje, o critério de escolha e de fidelidade ainda é o preço. Mas eu pergunto: sua mulher e sua filha vão sistematicamente ao mesmo cabeleireiro pelo preço? Ou pela confiança, pela familiaridade. Quando o farmacêutico conseguir que as pessoas confiem no trabalho dele, o quesito preço não será mais o prioritário.

Não há dúvida de que essa farmácia sinaliza o futuro. Isso já está influenciando vocês, educadores, a mudar a grade curricular do curso de Farmácia?
Sim, as novas diretrizes curriculares aprovados pelo MEC em 2018 já norteiam os cursos de Farmácia, com um viés mais clínico. Em cinco a dez anos já teremos no mercado profissionais com essa veia.

Dos 60 alunos que se despedem agora da UNG, a tendência de encaminhamento ainda será mais para a farmácia clínica, a indústria e o laboratório?
Temos três estágios, num total de 800 horas, dois dos quais obrigatórios: o primeiro é análises clínicas, o segundo farmácia clínica. O terceiro, ele escolhe – entre 70 áreas de atuação, entre as quais manipulação, indústria e farmácia pública. Na Universidade de Guarulhos, a maioria tem tendência de ir para o varejo e para a área clínica.

O mercado é assimilador de todos os farmacêuticos formados?
Os bons profissionais têm espaço garantido.

 

 

 

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