• Mais da metade das pessoas atingidas pela esclerose múltipla, poderão desenvolver problemas com a cognição
• Crônica e autoimune, a esclerose múltipla afeta em sua maioria indivíduos em idade produtiva, jovens entre 20 e 40 anos
São Paulo, novembro de 2019 – De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego no Brasil atinge cerca de 13 milhões de pessoas². O dado que preocupa todas esferas sociais e políticas ganha um contorno mais dramático para um grupo formado por cerca de 40 mil brasileiros³ acometidos pela esclerose múltipla (EM) e que podem sofrer, entre outros sintomas, com o comprometimento cognitivo.
A cognição engloba uma gama de funções cerebrais de alto nível, que incluem a capacidade de aprender, organizar, planejar, concentrar, manter a atenção e realizar cálculos¹, por exemplo. “A esclerose múltipla conta com uma ampla diversidade de sinais e sintomas. A doença pode se manifestar de maneira distinta em cada indivíduo – na maioria das vezes, ela afeta adultos jovens em plena atividade laboral e acadêmica. A disfunção cognitiva na patologia normalmente se inicia de forma imperceptível e pode ser um dos primeiros indícios. Contudo, os sinais motores e sensitivos são os mais notados. Ao receber o diagnóstico de EM, é importante que o paciente esteja atento se houver maior dificuldade de organização, lentidão para raciocinar ou “pensar”, dificuldade em prestar atenção, em absorver novas informações (visuais ou auditivas) e comprometimento da memória”, explica a neurocientista e neuropsicóloga Carina Spedo.
De acordo a entidade americana, National Multiple Sclerosis Society, a disfunção cognitiva é uma das principais causas da saída precoce do mercado de trabalho⁴. Mas não é só esse dado que chama a atenção. Um estudo brasileiro realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com a associação Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME), revelou que a taxa de desemprego quase duplica durante o curso da doença⁵. O levantamento aponta que apenas 58,9% das pessoas com EM – qualificadas – estavam empregadas no momento da realização da pesquisa, índice muito menor do que os 79% no momento em que foram diagnosticadas.
Outra pesquisa que mostra o quanto a esclerose múltipla pode afetar a empregabilidade, é a Múltipla Faces – conduzida pela Editora Abril, com apoio da AME e patrocínio da farmacêutica Biogen⁶. O levantamento revela uma ampla visão sobre o impacto da doença na vida dos pacientes. Entre outros dados, ele mostra que 41% das 1.724 pessoas entrevistadas, não exercem atividade remunerada. Quando perguntadas sobre o impacto financeiro causado pela doença, 64% responderam que sofreram de alguma forma: 24% precisaram parar de exercer as atividades, 15% foram afastadas por invalidez e 7% estavam desempregadas e não conseguiram se recolocar no mercado de trabalho.
“Muitas pessoas não sabem que não são só os fatores físicos e psicológicos que impactam a vida de quem convive com a esclerose múltipla, as alterações cognitivas, podem afetar significamente a qualidade de vida, e realizar tarefas simples do dia a dia, pode ficar bem complicado”, conta Polly Reis, presidente da Associação de Esclerose Múltipla da Bahia.
Apesar dos impasses que o comprometimento pode trazer, é importante ressaltar que a reabilitação neuropsicológica e o treino cognitivo são métodos não farmacológicos que podem ajudar positivamente o paciente, potencializando o tratamento medicamentoso. “Quando personalizados, por meio de uma avaliação neuropsicológica com protocolos específicos para identificar os domínios cognitivos acometidos, estes métodos podem melhorar o desempenho do paciente nas suas dificuldades. Deste modo, o treino cognitivo – que são exercícios direcionados para estimular a plasticidade, e a reabilitação – que são atividades terapêuticas planejadas para adaptar o indivíduo ao seu melhor nível de funcionamento psicossocial, podem ajudar. Em resumo, manter o cérebro ativo, ter um estilo de vida saudável e fazer atividades físicas, ajudam a amenizar os sintomas da disfunção cognitiva. Evidentemente que o paciente não pode deixar de seguir o tratamento farmacológico à risca”, alerta a especialista que também reforça que o diagnóstico precoce ainda é o maior aliado. “Apesar de não ter cura, os pacientes que recebem o tratamento logo nos primeiros sintomas, têm maior probabilidade de ter uma melhor qualidade de vida e maiores chances de se manterem ativos por mais tempo”, finaliza.
Saiba mais sobre a esclerose múltipla:⁷⁸⁹ a esclerose múltipla é uma doença autoimune, na qual o sistema imune do paciente reage contra componentes do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). A doença é caracterizada por um processo de inflamação crônica que pode causar desde problemas momentâneos de visão, falta de equilíbrio até sintomas mais graves, como cegueira e paralisia completa dos membros. A doença está relacionada à destruição da mielina – membrana que envolve as fibras nervosas responsáveis pela condução dos impulsos elétricos do cérebro, medula espinhal e nervos ópticos. A perda da mielina pode dificultar e até mesmo interromper a transmissão de impulsos nervosos. A inflamação pode atingir diferentes partes do sistema nervoso, provocando sintomas distintos, que podem ser leves ou severos, sem hora certa para aparecer.
A doença geralmente surge sob a forma de surtos, sintomas neurológicos que duram ao menos um dia. A maioria dos pacientes diagnosticados são jovens, principalmente mulheres, entre 20 e 40 anos, o que resulta em um impacto pessoal, social e econômico considerável por ser uma fase extremamente ativa do ser humano. A progressão, a gravidade e a especificidade dos sintomas são imprevisíveis e variam de uma pessoa para outra. Algumas são minimamente afetadas, enquanto outras sofrem rápida progressão até a incapacidade total. É uma doença degenerativa, que progride quando não tratada. É senso comum entre a classe médica que para controlar os sintomas e reduzir a progressão da doença, o diagnóstico e o tratamento precoce são essenciais.
[1] Disponível em http://www.nationalmssociety.org/Symptoms-Diagnosis/MS-Symptoms/Cognitive-Changes
[2] Disponível em http://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25092-pnad-continua-taxa-de-desocupacao-e-de-12-0-e-taxa-de-subutilizacao-e-24-8-no-trimestre-encerrado-em-junho-de-2019 [3] Disponível em http://abem.org.br/esclerose/o-que-e-esclerose-multipla/ [4] Disponível em http://www.nationalmssociety.org/Symptoms-Diagnosis/MS-Symptoms/Cognitive-Changes [5] Disponível em http://n.neurology.org/content/90/15_Supplement/P2.384 [6] Disponível em http://saude.abril.com.br/medicina/pesquisa-mapeia-os-impactos-da-esclerose-multipla/ [7] Neeta Garg1 & Thomas W. Smith2. An update on immunopathogenesis, diagnosis, and treatment of multiple sclerosis. Barin and Behavior. Brain and Behavior, 2015; 5(9) [8] Noseworthy JH, Lucchinetti C, Rodriguez M, Weinshenker BG. Multiple sclerosis. N Engl J Med. 2000;343(13):938–52. [9] Cristiano E, Rojas J, Romano M, Frider N, Machnicki G, Giunta D, et al. The epidemiology of multiple sclerosis in Latin America and the Caribbean: a systematic review. Mult Scler. 2013;19(7):844–54. |
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