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Enxaqueca – Mais que uma dor de cabeça

Por: Celso Arnaldo Araujo

Ou podem chamá-la de dor de cabeça 5 estrelas – pois, além da cefaleia propriamente dita, ela lateja na forma de impulsos luminosos e o paciente literalmente vê estrelas. A enxaqueca atinge 15 a cada 100 brasileiros, o que equivale a 30 milhões de pessoas no país. Pode ocorrer em qualquer época do ano – mas este período de festas e alguns excessos pode “amparar” os ataques de enxaqueca. Trata-se de uma doença complexa que envolve várias áreas do cérebro e tem como manifestação predominante a dor de cabeça. Durante as crises, pode variar em gravidade, com sintomas que vão de náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e odores, a ponto de impedir o indivíduo de exercer qualquer atividade. Literalmente, a crise pode obrigar uma pessoa a ficar deitada, num quarto escuro, em silêncio, durante horas ou dias – como explica o Dr. Mario Peres, neurologista da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a ponto de impedir o indivíduo de exercer qualquer atividade. Ele alerta para a necessidade de tratar o enxaquecoso com drogas profiláticas e específicas.

A dor de cabeça, com intensidade de moderada a severa, é quase sempre o sintoma mais intenso e o que mais chama atenção na enxaqueca – que é causada por um desequilíbrio químico no cérebro, envolvendo substâncias chamadas neurotransmissores. Mas existem muitos outros sintomas. E existe enxaqueca sem dor de cabeça, só com os outros sintomas, mais intensos e incômodos que a própria dor em si. A dor de cabeça costuma ser latejante, ou seja, pulsátil. Algumas pessoas se referem ao latejamento como se fosse um coração batendo numa certa área da cabeça. Essa área de latejamento corresponde, geralmente, à região temporal. É errado pensar que a dor da enxaqueca precisa ser, necessariamente, na forma de latejamento. Ela também pode ser em peso. Ou em “pressão para fora”, como se a cabeça fosse explodir; ou “para dentro”, como algo apertando. Ou até mesmo queimando. É uma dor eclética – mas quase sempre muito desagradável – em qualquer lugar da cabeça. Ou até na cabeça inteira. A duração da crise de enxaqueca também é variável – de 4 horas a 3 dias, seguida de um período variável sem nenhuma dor de cabeça. Ah, a crise pode ser precedida por alteração do humor – como euforia em alguns casos, depressão e irritabilidade em outros. O apetite também pode se alterar várias horas ou um dia antes da crise. Vontade irresistível de comer doces ou perda do apetite são exemplos dessas alterações prévias.

Raio-x da enxaqueca

Um estudo promovido pela Novartis em parceria com a Aliança Europeia para Enxaqueca e Cefaleia com 11 mil pacientes pacientes que sofrem de enxaqueca, mostra que 82% dos 851 entrevistados brasileiros sofrem com impacto da doença na vida social. Dentre eles, 56% relatam não conseguir cumprir todas as atividades diárias e realizar hobbies durante as crises; 54% se sentem impossibilitados de comparecer a eventos sociais e 30% não conseguem praticar exercícios físicos. Ainda tratando do impacto comportamental, 42% associam enxaqueca à depressão e 20% têm autoestima baixa. “Crises de enxaqueca e depressão podem estar relacionadas de maneiras variadas – ambas podem ser causadas por distúrbios químicos cerebrais similares e também podem se relacionar à genética”, complementa o neurologista.

O frio, combustível da crise

Há quem goste do frio, mas para quem tem enxaqueca e sensibilidade às mudanças de temperatura as crises podem piorar e atrapalhar até tarefas simples do dia a dia.
A neurologista Fernanda Ferraz, do Hospital Anchieta, explica que a enxaqueca tem diversos gatilhos ambientais e orgânicos – ou seja, variações no ambiente ou no organismo podem desencadear as crises. “Em um dos estudos, o início de um ataque bem como a alta intensidade de dor de cabeça foram associados à menor temperatura e maior umidade. Os autores concluíram, então, que um subgrupo de enxaquecas é altamente sensível às mudanças de certos componentes climáticos”. Segundo a neurologista, especula-se que uma proteína chamada TRPM8 tenha papel na enxaqueca e sua relação com a temperatura, pois este canal é predominantemente expresso em neurônios sensoriais periféricos e é conhecido como o sensor para temperatura fria em tecido cutâneo.

Quando procurar um médico ao sentir dor de cabeça?
Nem sempre os balcões de produtos MIP das farmácias são capazes de aliviar dor de cabeça e outros sintomas ligados a ela. Como identificar uma dor de cabeça que requer mais atenção, indicando um quadro mais grave? De acordo com a Dra. Diana Lara Pinto Santana, neurocirurgiã da BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo, “ela é preocupante quando não melhora com o uso de analgésicos, quando chega diferente do padrão habitual, surge de repente ou vem acompanhada de sintomas como alterações visuais, de força e de sensibilidade, convulsões, febre alta, vômito e rigidez de nuca, desmaio e confusão mental”, diz a neurocirurgiã.

Desencadeantes da enxaqueca

Uma crise pode, mas não precisa necessariamente, ser desencadeada por fatores do dia a dia. E esses eventuais fatores desencadeantes variam de pessoa para pessoa. Uma lista deles reunida pelos neurologistas

  • Menstruação
  • Emoções
  • Alimentos
  • Bebidas alcoólicas
  • Ficar muito tempo sem comer
  • Odores
  • Luz intermitente
  • Ar-condicionado
  • Ambientes aglomerados
  • Dormir pouco
  • Dormir durante o dia
  • Acordar mais tarde que de costume
  • Saídas da rotina em geral

Como tratar a enxaqueca
Não há cura absoluta para a enxaqueca. Portanto, o objetivo do tratamento é evitar a dor de cabeça, reduzir a frequência e a gravidade dos ataques, reduzir a incapacidade, além de educar e capacitar os pacientes para gerenciar sua doença para uma melhor qualidade de vida. O ideal é tentar interromper os sintomas quando se inicia uma crise de enxaqueca e a dor ainda é leve. O chamado tratamento agudo, que aborda os ataques precocemente e pode ser encontrado nas farmácias, utiliza mais frequentemente analgésicos e anti-inflamatórios (como a aspirina e o ibuprofeno), ergotaminas e triptanos. A maioria deles não necessita prescrição médica, portanto podem ser recomendadas e orientadas pelo farmacêutico, mas limites devem ser estabelecidos na frequência com que são utilizados para evitar o agravamento das crises com o uso excessivo de medicamentos.

Já o tratamento preventivo da enxaqueca é geralmente considerado quando a frequência ou gravidade da enxaqueca chega a um ponto em que interfere significativamente no trabalho, na escola ou na vida social. O tratamento preventivo é uma terapia que tem como objetivo reduzir o número de ataques, diminuir a intensidade da dor e prevenir o aparecimento de futuros ataques. O médico deve prescrever os instrumentos farmacológicos dessa prevenção.

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