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Em plena forma – Entrevista com Renata Spallicci

Ela certamente é a única CEO da indústria farmacêutica que concilia suas intensas atividades profissionais com uma carreira de atleta profissional de fisiculturismo, competindo em torneios internacionais de alto nível. Engenheira Química e Diretora de Assuntos Corporativos da Apsen Farmacêutica, empresa fundada por seus avós há exatos 50 anos, ela harmoniza como ninguém mente e corpo, para obter sucesso nos dois campos. A Apsen cresce intensa e saudavelmente: a expectativa para 2020 é crescer 25%. E ela, paralelamente, brilha com seu blog, seus comentários na ESPN, programas sociais, palestras e competições. Renata é uma campeã.

Como você se sente hoje na direção de uma empresa fundada por seus avós. Como eles a inspiram?

Meus avós me inspiram pela batalha, pela luta. Especialmente minha avó, dona Irene. Não pude conviver com ela na empresa, mas me identifico pelas histórias que contam dela, uma mulher à frente de seu tempo – pequena em altura e muito brava, mas com um coração imenso. E guardo comigo valores que vieram dela – em especial, a preocupação de cuidar dos nossos colaboradores e de suas famílias.

Como se deu sua evolução na empresa de sua família? Foi uma inclinação natural ou vocação?

No começo, foi uma inclinação natural, por entender a necessidade de continuidade do negócio e por admirar muito meu pai e querer estar perto dele. A cada convenção da empresa, eu via de perto as vidas transformadas pela Apsen – não só pacientes e médicos como dos colaboradores – muitos construíram suas vidas e suas famílias a partir da empresa. Aquilo era algo mágico e me inspirava o desejo de potencializar o que a empresa já fazia tão bem. Acho que isso acabou se tornando também uma vocação, na qual eu me descobri.

Lembra-se de seu primeiro dia na Apsen?

Lógico! Acordei cedo, coloquei um tailleur preto, um saltão agulha e lá fui eu. Fomos juntos, eu e meu pai, para a Apsen – um lugar onde eu já tinha estado tantas vezes quando criança. Agora seria meu primeiro emprego. Eu estava certa de ir para um sala bonita, com meu nome na porta e na mesa. Quando chegamos à Apsen, meu pai pediu para um dos diretores me acompanhar à minha sala. Andamos por um labirinto de corredores – e eu achando estranho, porque cada vez ficávamos mais longe dos escritórios. Enfim, chegamos a uma porta: almoxarifado. Sim, meu primeiro trabalho na Apsen foi no almoxarifado. E a minha função era essencialmente transportar caixas de um lado para outro. Nada de sala com meu nome na porta, nada de glamour e, a partir do segundo dia, nada de salto-agulha e tailleur. Essa foi minha primeira lição das muitas que meu pai me deu na empresa.

Você foi galgando degraus até chegar a seu posto atual. Quais foram, a seu ver, as principais conquistas como diretora executiva da Apsen?

Sem dúvida, foi a implantação do planejamento estratégico e da gestão por indicadores, com metas e meritocracia. Antes a gente fazia muito na base da experiência, mas não estabelecíamos metas de longo prazo. E hoje estou vivendo um outro momento muito importante, que é atuar fortemente na transformação tecnológica e, principalmente, com o digital – área em que, tenho certeza, seremos pioneiros no mercado farmacêutico e trará muitos frutos.

Como você define esses primeiros 50 anos da Apsen, recém-completados?

Os 50 anos da Apsen são um momento especial, pois é quando começamos a colher os frutos de tudo o que plantamos. Iniciamos uma ampla jornada de estruturação e profissionalização em 2015 – e foram anos árduos. Mas começamos a colher os frutos – 2019 foi um ano incrível, que nos deu muita garra para prosseguir nos próximos cinco anos de nosso planejamento estratégico. Para mim, é uma responsabilidade enorme, uma missão de continuidade, de perenidade. Desde que vim para a Apsen, sempre tive uma grande preocupação com a cultura da empresa. Os dois principais pilares em que atuo são o planejamento estratégico, com visão de futuro, e a cultura empresarial, sempre tendo em mente os valores dos meus avós e do meu pai para minha geração e nas próximas. Eu me sinto honrada em fazer parte desse legado.

Como a Apsen se situa no atual ranking do mercado farmacêutico brasileiro? 

Em 2019, considerando a demanda em reais, sem genéricos, quando comparamos o acumulado de 2019 versus 2018, ganhamos uma posição no ranking das maiores empresas, ocupando a 23ª posição atualmente. Em prescrição, podemos afirmar que a história é ainda melhor, pois ocupamos a 13ª posição no acumulado do ano e, no mês de outubro, já chegamos à 11ª posição.

Do desempenho da Apsen em 2019, o que você destacaria como principal avanço da companhia?

A Apsen cresce mais que o dobro do mercado com uma estratégia focada em sustentar seu portfólio de produtos estabelecidos e lançar novos, de forma competitiva. Posso citar exemplos nas três franquias de atuação da empresa. Na Unidade de Negócios Músculo-Esquelética, o Flancox se consolidou como um dos anti-inflamatórios mais prescritos do mercado brasileiro. Falando em Sistema Nervoso Central (SNC), a família Donaren se tornou a segunda marca de antidepressivos mais vendida do mercado. Na Unidade de Negócio Especialidades, a família Retemic é líder no mercado de incontinência urinária. Vale destacar também o lançamento do Inilok, que marcou a entrada da empresa num dos maiores segmentos da indústria farmacêutica (medicamentos contra o refluxo gastroesofágico). Os resultados iniciais mostram a eficiência da empresa nos lançamentos.

Do atual portfólio da empresa, quais são as categorias farmacêuticas que você chamaria de carros-chefe da Apsen?

Podemos destacar a Urologia, onde temos grande tradição e reconhecimento da classe médica, o que possibilitou à empresa ocupar o terceiro lugar na preferência em prescrição. Na Ortopedia, Psiquiatria e Neurologia temos marcas líderes de mercado nas nossas áreas de atuação.

Previsão de lançamentos para 2020?

Nossa expectativa de 25% de crescimento em 2020 será viável através do lançamento de oito novas marcas, que fortalecerão nossa atuação nas classes terapêuticas atuais e representarão importantes inovações, atendendo necessidades médicas para ampliar possibilidades de tratamento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Entrando agora na sua segunda atividade: o fisiculturismo. Quando e como começou seu interesse pelo culto à forma física?

Primeiro foi o ballet, que pratiquei por muitos anos até me formar bailarina. Depois, a musculação. Comecei a treinar musculação na faculdade, mas confesso que o fisiculturismo não me atraía naquele momento – só que era a única coisa que eu conseguia conciliar com a agenda de aulas. Aí, comecei de fato a gostar dos pesos e, à medida que me interessava mais por malhar e por ter uma alimentação equilibrada para melhores resultados, comecei a perceber o quanto o fisiculturismo é um esporte complexo. Pouco a pouco, passei a  me envolver, até praticamente já levar uma vida de atleta profissional. Foi quando decidi competir. A partir daí, o fitness me abriu muitas portas, me deu visibilidade dentro e fora do Brasil, participando de muitas competições, me tornei colunista da ESPN, atuei como repórter para programas de TV voltados ao esporte e como produtora de conteúdo voltado ao fisiculturismo.

Como evitar exageros nessa prática?
Claro que, como atleta profissional, acabo vivendo um certo extremo. Mas, para as pessoas que não escolheram o caminho das competições, a melhor maneira é buscar sempre o equilíbrio, com um volume de treino adequado e, acima de tudo, orientado por bons profissionais – primeiro, para não se lesionar; segundo porque a orientação correta é fundamental para alcancçar objetivos. Por falta de conhecimento, pode-se exagerar e chegar a um corpo que não é o que a gente queria.

Ao que você saiba, existem outras executivas-atletas no mercado farmacêutico brasileiro?
Não conheço, mas posso garantir, não é fácil conciliar. Demanda muita disciplina abrir a lancheira, pegar a marmita e dar um jeito de fazer as refeições em locais em que as pessoas não estão acostumadas a gente comendo… Minha rotina na indústria farma é muito intensa, uma carga de trabalho muito longa, e é preciso muita organização e força de vontade. Organização é fundamental: há dias em que saio de casa com duas ou três malas, para me trocar pra ir à academia, depois a um evento – com as refeições montadas para o dia todo. Não é simples, mas é sem dúvida muito gratificante e a gente acaba gostando.

Você destaca muito, em seus livros e palestras, a importância do autoconhecimento na jornada para o sucesso. Conhecer seu próprio corpo é o primeiro passo desse processo?

Não sei se é o primeiro passo, mas é um tema que adoro. Adoro chamar meu corpo de “meu laboratório”. É um baita instrumento de autoconhecimento. Eu me dedico a isso há dez anos, não apenas à frente física, mas também em relação aos aspectos mental e espiritual, muito ligados a autoconhecimento.

Num de seus projetos, o Finalmente Magro, você fala de seu próprio emagrecimento. Você já esteve muito acima do peso?
Nunca estive muito acima do peso. Mas posso dizer que já estive acima do peso o bastante para não me sentir bem e, principalmente na adolescência, para sofrer bullying na escola, que foi algo que me limitou bastante. No ballet, estar acima do peso me deixou de fora de vários projetos que eu gostaria de ter participado.

O lançamento do Extima, suplemento alimentar para a população mais idosa, foi um de seus triunfos como diretora da Apsen. Suplementos para essa faixa etária são uma tendência de mercado?

Sim. Muito tem se falado sobre as consequências da expectativa de vida mais alta. Será necessária uma maior conscientização com relação à preservação da saúde em todos os aspectos. No caso do Extima, foi um grande aprendizado. Havia pouca informação em relação à sarcopenia – a perda de massa e força muscular pelo envelhecimento. Quando falamos de uma expectativa de vida maior, produtos como o Extima, que retardam a perda de tônus e da elasticidade, são uma tendência. Na verdade, mais do que uma tendência, uma necessidade.

Você destacaria mais algum outro suplemento do portfólio da Apsen?

A Apsen está construindo um portfólio completo com foco na vida saudável – uma abordagem mais completa, que inclui corpo, mente e alma. Ainda com foco no envelhecimento saudável, temos o Motilex, marca líder em unidades no mercado de colágeno em cápsulas. Em relação às enzimas, o Lactosil é responsável pela quebra da lactose dos alimentos que contêm leite, possibilitando ao paciente uma vida sem lactose. E o Digeliv auxilia na digestão de alimentos que possuem carboidratos fermentáveis, permitindo que a refeição seja leve, como merece ser.

   Se você tivesse uma farmácia, quais seriam os destaques de    sua seção de suplementos?

Com certeza, Extima e Motilex. Também gosto muito de Glutamina e L-Carnitina. E, se eu for pensar numa categoria um pouco mais ampla, teriam destaque também os complexos vitamínicos e, com certeza, as vitaminas B e D, que eu uso intensamente, até pelo desgaste. E também antioxidantes e todos os compostos que ajudam na preservação da pele, dos músculos, do organismo como um todo.

O que você, pessoalmente, espera de 2020?

Estou muito otimista. Acredito que será um ano de colheita, de muita coisa que foi plantada, especialmente em 2019. Na Apsen iniciamos o projeto do Digital e de toda a transformação tecnológica. Intensificamos nossa atuação com compliance, implementamos uma área de Gestão de Projetos e vamos iniciar agora um ciclo novo de planejamento estratégico: 2020-2025. Nos meus projetos paralelos, como na minha produtora, a RS, tenho desejo de alcançar mais pessoas e irmos para a televisão. E vou estrear neste Carnaval como rainha de bateria… Enfim, estou otimista de que será um ano bem especial!

https://www.renataspallicci.com.br/

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