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Dia do balconista (30/10): ontem, amanhã e sempre!

POR LINCOLN OLIVEIRA

Nosso colega do varejo farma de Rondônia, balconista de farmácia aos 16 anos, hoje farmacêutico e engenheiro ambiental e sanitário, presta sua homenagem a esses incansáveis trabalhadores do segmento, às vésperas de seu dia, 20 de outubro

Se eu fechar bem os olhos, consigo lembrar daquela manhã quente de outubro de 2001. O que ela teve de tão marcante? Foi nessa manhã que li completamente a primeira bula de medicamento – e confesso que não entendi praticamente nada! Vários termos técnicos e palavras complicadas para um garoto que iria completar 14 anos e que só fariam sentido muitos anos mais tarde. Contudo, ler a bula do Anador despertou em mim um desejo por conhecimento, uma vontade de querer aprender mais, que, mesmo hoje, 20 anos depois, permanece ativo, com a mesma intensidade daquela manhã.

Eu tive uma oportunidade singular: minha mãe ensinou sua melhor amiga a trabalhar em farmácia, numa época na qual as seringas eram de vidro. Anos depois, quando dona Marly comprou sua farmácia, minha mãe sabiamente cobrou-lhe o antigo favor, pedindo a ela que deixasse eu passar algumas horas por dia na loja. Foi paixão à segunda vista! Estaria eu mentindo se dissesse que, no início, achei o máximo varrer o chão e espanar a poeira dos produtos! Mas observar as pessoas sendo atendidas e ver a gratidão em seus rostos, ao irem para casa com a certeza de que os medicamentos ali dispensados iriam auxiliar em seu processo de melhora e cura, não tinha preço.

O desejo de me tornar um balconista conhecido e reconhecido me fazia devorar toda literatura sobre o varejo farmacêutico a que eu conseguia ter acesso, e tudo isso foi intensificado quando participei do meu primeiro curso de atualização em 2002, oferecido por uma indústria farmacêutica.

Depois deste certificado, não tive mais dúvidas de que eu estava no ramo certo. Atuar no varejo farmacêutico é mais do que um trabalho, é você ser um profissional universal, é ser um bom ouvinte e, ao mesmo tempo, um excelente comunicador; é estar atento às reais necessidades do cliente, é saber contornar as inúmeras adversidades que surgem no decorrer do processo do atendimento.

Interpretação caligráfica e “taquigráfica” das receitas

Esforço e dedicação foram reconhecidos e, com 16 anos, fui registrado e reconhecido como o balconista de farmácia mais novo de Ji-Paraná/Rondônia. O balconista de farmácia desempenha um papel fundamental para o bom funcionamento da loja, pois ele dá estrutura e suporte ao trabalho do farmacêutico. Quem é o profissional que fica conversando com o cliente, fazendo com que ele tenha a melhor experiência de compra/atendimento no PDV, quando o farmacêutico está realizando outro atendimento?

Muito mais do que apenas dar esse tipo de suporte, o balconista auxilia na interpretação caligráfica e muitas vezes “taquigráfica” dos receituários que chegam no estabelecimento. Mesmo estando na era dos receituários digitais, internet das coisas, diariamente chegam às nossas mãos centenas de receituários manuscritos, alguns de difícil compreensão, principalmente para o profissional farmacêutico que ainda não está habituado com a grafia do profissional prescritor. E é nesse momento de cooperação mútua que nosso querido balconista brilha!

Mesmo sendo uma profissão digna e de grande importância para o varejo farmacêutico, tenho uma profunda preocupação pessoal com o futuro da profissão de balconista de farmácia, à qual tive a honra de pertencer. Essa minha preocupação tem como base a publicação do novo Código de Ética Farmacêutica, devido a um endurecimento que essa nova resolução impôs aos nossos colegas farmacêuticos.

O trecho que me preocupa consta na Resolução CFF Nº 711/2021, Artigo 17 inciso VIII: “Delegar ou permitir que outros profissionais pratiquem atos ou atribuições privativas da profissão farmacêutica”.

Se esse artigo entrar em vigor, se o balconista realizar as múltiplas atividades que auxiliam e complementam o farmacêutico, tais como auxiliar no aviamento e na dispensação do receituário, além de auxiliar na condução da intercambialidade do medicamento-referência para o medicamento genérico, o farmacêutico, nosso companheiro de labuta diária, poderá sofrer sanções éticas disciplinares em seu respectivo conselho regional de farmácia?

Um guerreiro no dia a dia atrás do balcão

São perguntas e questionamentos que, acredito, só serão respondidas em um futuro próximo…  O que me resta dizer é que você, balconista, é um herói e um guerreiro, que se manteve entrincheirado durante todo esse período de guerra que o mundo travou contra a pandemia da Covid-19. Durante toda essa batalha que enfrentamos e que, graças a Deus e à vacinação, estamos caminhando para um desfecho final, você se manteve firme na missão de promover saúde e bem-estar a todos que adentraram no seu estabelecimento.

Você, balconista, nos ajudou ontem, nos ajudará amanhã e ajudará sempre! E HOJE?

Hoje, em nome de todos da indústria, varejo, distribuição e logística farmacêutica, receba o nosso singelo MUITO OBRIGADO!

A esses guerreiros e guerreiras estendo o meu saudoso e caloroso MUITO OBRIGADO – e que tenham um feliz Dia dos Balconistas neste dia 30 de outubro, são os votos de um emérito balconista, Lincoln Oliveira.

 

Lincoln F. Oliveira

Farmacêutico-Bioquímico

Jornalista

Especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental

Consultor de Demanda Sênior da EMS Genéricos

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