fbpx
Dose de reforço da vacina da Pfizer para crianças aprovada pela Anvisa
08 dez, 2022
Consultório Farmacêutico: Vale o investimento?
12 dez, 2022

Dezembro Laranja: Sol, Modo de usar

Por Celso Arnaldo Araujo

Apesar do ressurgimento da pandemia, ou justamente por causa do distanciamento social novamente imposto por ela, o verão 2022/2023, para “descontar”, promete lotar praias e piscinas – sob o império do Sol. É a temporada em que, todo ano, pandemia à parte, o astro-rei torna-se ao mesmo tempo herói e vilão da pele, do charmoso bronze à insuportável queimadura. Ele não perdoa os descuidados, os negligentes, os exagerados. E, como em todos os anos, não há segredo: o uso do filtro solar, responsável por proteger a pele da radiação solar mais nociva, é a maneira mais eficaz de desfrutar a estação mais quente do ano com mais prazer e sem sofrimento – além de proteger a pele do mais frequente dos tumores malignos, como destaca a campanha Dezembro Amarelo. Reforce a prateleira de protetores de sua farmácia – com FPS de 6 a 100. Mas, primeiro, tire todas as dúvidas sobre os fatores de proteção – para orientar melhor seu cliente. Num país tropical como o nosso, mesmo quando o astro-rei não dá as caras, os raios solares ocultos podem ser um fator de risco para a pele desprotegida. E o melhor modo de usar os protetores deve fazer parte, por que não, da assistência farmacêutica.

 

O famoso FPS, sigla que se destaca nas embalagens dos protetores, é anualmente, nesta época, o cosmético mais vendido nas farmácias brasileiras. Mas pode e deve fazer ainda mais sucesso depois de devidamente conhecido. O Fator de Proteção Solar nada mais é que a medida da proteção contra os raios solares ultravioleta B (UVB), principais responsáveis por deixar a pele vermelha quando ficamos ao sol. E o número do FPS que classifica o produto representa o tempo a mais que a pele fica protegida sob o sol. Ele deve variar de acordo com o fototipo da pessoa, ou seja, a sensibilidade ao sol de cada tipo de pele – e a grande maioria das pessoas conhece essa sensibilidade na prática, por desagradáveis experiências próprias no verão. Quanto menor o fototipo cutâneo, ou seja, menos melanina protegendo a pele, maiores devem ser os cuidados com o sol, e portanto maior o FPS indicado. De uma forma geral, o FPS do rosto deve ser a partir de FPS 30, por ser uma área mais foto-exposta e mais sensível. Mas claro que, quanto mais proteção, melhor.

  • Os números que acompanham a sigla FPS referem-se ao tempo de proteção solar que eles garantem, mas não é tão simples entendê-los. A prática do uso do protetor aparentemente ideal para cada pessoa é que geralmente determina a escolha do fator de proteção. O FPS representa o tempo a mais que a pele fica protegida com o protetor. Por exemplo, se a pele leva cinco minutos para sofrer os efeitos do sol, sob a proteção de um FPS 15 ela fica em tese protegida por 15 vezes mais tempo (no caso, 75 minutos). E isso vale para todas as medidas. O mesmo protetor sobre uma pele mais escura, que sofre os efeitos solares após sete minutos, protege por 105 minutos. A numeração dos protetores é uma convenção internacional definida por órgãos reguladores de medicamentos, como a Anvisa. Os números são calculados em diversos testes. Um deles é o da dose mínima de eritema (DME), que é o tempo mínimo para a pele ficar vermelha após a exposição. Basicamente, o FPS é determinado ao dividir a DME das pessoas que aplicaram protetor no teste pela DME das que não passaram. Como nem todas as pessoas sabem utilizar o protetor na medida exata, é bom se prevenir: quem se dá bem com FPS 30 pode usar o 50 para se proteger melhor.

O inimigo número 1 da pele

O uso correto do protetor solar evita a insolação, queimaduras e auxilia no combate ao envelhecimento precoce, ressecamento, oleosidade excessiva, manchas e na prevenção ao câncer de pele, que responde por 33% de todos os diagnósticos da doença no Brasil – o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra, a cada ano, cerca de 190 mil novos casos no país. Felizmente, a conscientização sobre a importância do uso do filtro solar tem avançado. A popularização da campanha Dezembro Laranja, liderada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, que já está em sua oitava edição, é mais uma amostra do aumento da preocupação com a importância do diagnóstico e com tratamento precoces, aumentando as chances de cura na grande maioria dos casos.

No entanto, apesar do aumento da disseminação do uso dos protetores solares, uma parte considerável de mulheres (43%) não usa ou só utiliza o produto de vez em quando, sobretudo por questões cosméticas. É o que indica pesquisa feita pela Ibope Inteligência, a partir de mil entrevistas com mulheres em todo o Brasil.

A médica dermatologista Maria Paula Del Nero, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, lembra que muita gente comete erros no uso do protetor solar por não saber como utilizá-lo corretamente no dia a dia. Ela relaciona os sete equívocos mais comuns – e como evitá-los, orientando os clientes da farmácia.

  • Quantidade insuficiente do produto – “Para que a proteção seja efetiva, é preciso aplicar a quantidade correta de protetor solar no corpo e no rosto. Para o corpo, costumamos indicar o equivalente a três colheres de sopa. No rosto, uma colher de café é suficiente”.
  • Aplicar o protetor solar apenas na parte da manhã – Pode-se começar o dia de exposição ao sol com essa rotina de aplicação, mas o produto deve ser reaplicado a cada três horas ou quando houver sudorese intensa, banhos de mar ou piscina. “Mesmo quem está em ambiente fechado e climatizado deve reaplicar o protetor solar a cada 12 horas”, diz a médica.
  • Não passar no corpo porque está coberto com roupa – A Dra. Maria Paula observa que os trajes são uma barreira física de proteção contra o sol, mas não são 100% eficazes. “Se houver exposição solar, as pessoas precisam passar o protetor solar no corpo mesmo assim. Sempre indicamos que o produto seja utilizado embaixo de biquínis e maiôs, por exemplo, pois os raios UV são capazes de penetrar na fibra dos tecidos.”
  • Não passar o produto por ficar em ambiente fechado – A médica recomenda o uso de protetores solares que agem contra a luz visível, pois o corpo sofre fotoenvelhecimento igualmente em locais fechados. “A iluminação de aparelhos eletrônicos, como computadores, tablets e celulares também pode acelerar o envelhecimento da pele”.
  • Descuidar na atividade física – Quem se exercita ao ar livre precisa de um produto mais aderente à pele, que não saia com a transpiração. “O ideal são os protetores infantis ou específicos para esportes. Eles são resistentes à água e não escorrem nos olhos”, ensina a Dra. Maria Paula.
  • Não levar em conta o tipo de pele – Isso tem a ver com a durabilidade do produto sobre a cútis. Peles oleosas, por exemplo, devem usar como veículo de proteção o gel ou sérum; as mistas, o gel creme; as secas, os protetores em creme.
  • Na praia ou piscina, usar só em dia de sol – Esse erro é bastante comum e costuma render queimaduras feias nos banhistas. É que os raios nocivos atuam mesmo em dias nublados. O indicado, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, é o uso de Fator de Proteção Solar (FSP) 30, no mínimo, diariamente.

Os mitos solares

  • Pessoas com pele escura não precisam de filtro solar – Mesmo as peles mais escuras estão sujeitas a queimaduras, ao envelhecimento prematuro ou ao desenvolvimento de câncer de pele, se ficarem desprotegidas. Não importa se a pele é escura ou clara – o filtro solar é imprescindível para todos.
  • Não é preciso usar protetor solar se a maquiagem tiver FPS – Apesar de muitos tipos de maquiagem conterem FPS – como base, blush e pós-bronzeadores – sua proteção solar não é suficiente. Embora seja um benefício adicional, é muito importante usar protetor solar antes da maquiagem, optando-se por um hidratante diário com FPS a partir de 30.
  • Não é preciso reaplicar o filtro solar “à prova d’água” – Mesmo os protetores “resistentes à água” devem ser reaplicados duas horas após o primeiro uso ou logo após o banho de piscina ou suor em excesso.
  • Só certas áreas do corpo precisam de protetor solar – O protetor solar deve ser aplicado, principalmente, em toda a pele exposta. Isso inclui pés, orelhas, colo, ombros, costas, braços, pernas e pescoço.
  • Os protetores solares para adultos não são tão efetivos quanto os infantis – Os protetores solares contêm os mesmos ingredientes ativos, sejam eles infantis ou para adultos. Portanto, a proteção é a mesma. A diferença é que os protetores infantis são formulados para uma pele mais sensível – por isso, podem ser livres de fragrâncias, produtos químicos, parabenos, além de evitarem ardência nos olhos.

O protetor solar não vence

Protetor solar vencido deve ser jogado fora! Seus componentes perdem a eficácia depois de vencido e podem não proteger a pele como deveriam.

Raio-x do câncer de pele

Noventa e cinco por cento dos casos de tumores cutâneos identificados no Brasil são classificados como não-melanoma – um índice que está diretamente relacionado à constante exposição à radiação ultravioleta (UV) do sol. O sol, durante Outono e Inverno, apesar de parecer mais “fraco”, continua emitindo radiação, que causa um efeito cumulativo na pele. De acordo com o Dr. Bernardo Garicochea, oncologista e especialista em genética, é importante a avaliação frequente de um dermatologista para acompanhamento das lesões cutâneas. “As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o que qualificamos como ‘ABCD’- Assimetria, Bordas irregulares, Cor e Diâmetro. A análise da mudança nas características dessas lesões é de extrema importância para um diagnóstico precoce”.

 

 

 

×