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Dez erros que podem matar uma live

Por Reinaldo Polito

O distanciamento social, com o consequente predomínio do regime de home office, elevou as chamadas lives ao topo dos formatos de comunicação corporativa. Milhares de empresas e entidades promovem lives, todos os dias, para divulgar posturas e produtos – incluindo as do segmento farma. Mas será que estão adotando os melhores formatos? Aqui, um mestre da arte da comunicação, Reinaldo Polito, aponta os principais equívocos que podem afetar ou mesmo destruir a eficiência de uma live. Não deixe de ler se quiser produzir a mais viva das lives.

As lives vieram para ficar. Gosto muito de lives, não só para assistir, como também, e principalmente, para participar. Nessa época de pandemia, já fiz quase uma centena. Uma mais desafiadora que a outra. Algumas dão resultado tão positivo que as pessoas pedem para repetir. Algumas lives, entretanto, são detestáveis. Dá para observar, pelo contador de audiência, que as pessoas vão desistindo de assistir desde os primeiros minutos. Já vi situações desesperadoras, com a audiência chegando a praticamente zero. Por que será que essas conversas não conseguem segurar a atenção e despertar o interesse dos “assistentes”? Vamos ver quais os principais motivos que levam essas apresentações a se tornarem desinteressantes. Vou me ater à live em dupla. Ela pode ser considerada ruim quando:

  1. O conteúdo é fraco, desestimulante ou inexistente – Se não apresentar conteúdo relevante, como poderia uma live prender a atenção durante uma hora? Não prende mesmo – a não ser que um dos participantes, ou os dois, sejam pessoas engraçadas, bem-humoradas, boas contadoras de casos e consigam transformar a conversa em excelente entretenimento. Por sinal, essa leveza deve estar presente sempre que possível. Por isso, alguém que se dispuser a fazer lives apenas por fazer espantará a audiência. Mesmo que um tema seja reprisado, os pontos abordados deverão ser distintos daqueles já discutidos em lives anteriores.
  2. O tema proposto não é cumprido – Algumas pessoas fazem publicidade da live com títulos muito chamativos – mas o assunto discutido não chega nem perto do que foi prometido. Quase sempre nos interessamos por uma live porque o tema nos é atraente. Ora, se a conversa começa a se distanciar do que foi anunciado, nos sentimos traídos e temos a tendência de desistir aos primeiros minutos.
  3. As pessoas não sabem se comunicar – Ninguém precisa ser orador excepcional para conversar numa live. Esses eventos pedem até diálogos mais espontâneos, sem a comunicação grandiloquente dos palcos onde se apresentam os palestrantes. Se, entretanto, aquele que se expressa apresenta muitos vícios de linguagem e se vale dos irritantes né? tá? no final das frases, ou dos não menos chatos ããã, ééé durante as pausas, vai se transformar num espantalho de audiência. Da mesma forma, a live perde o encanto se a pessoa falar com muitos problemas de dicção, volume de voz muito elevado, ou muito baixo; contar histórias muito longas, interromper o interlocutor o tempo todo, truncando as ideias, impedindo que o raciocínio seja concluído.
  4. A iluminação é deficiente – Por falta de cuidado, de conhecimento ou de experiência, alguns deixam a luz atrás da sua imagem, e sua fisionomia praticamente desaparece. Ou, mesmo sem a luz atrás, não ilumina de forma conveniente o semblante. Esse é um detalhe que tira a atenção e desmotiva as pessoas a acompanharem a conversa. Ninguém precisa se preocupar com iluminação profissional, mas deve cuidar para que sua fisionomia possa ser vista. Às vezes, só o fato de aproximar a luz, ou trocar a lâmpada por outra um pouco mais forte pode ser suficiente para resolver o problema.
  5. A internet é fraca – Se a internet não tiver qualidade, a imagem começa a travar, o som se torna inaudível e o pensamento fica truncado. Isso pode ocorrer eventualmente – mas se a audiência perceber que é um problema constante, por falta de qualidade técnica, acaba perdendo o interesse. Há ocasiões em que é preferível desligar o Wi-Fi e deixar apenas o 4G, por exemplo. Vale a pena fazer o teste para verificar o que funciona melhor. O contrário também pode ocorrer. Por isso, é importante testar o funcionamento pouco antes de iniciar a live.
  6. O parceiro de live não tem timing – Meu amigo Mário Romão, de Lisboa, tem uma expressão muito boa para definir alguém que sabe dar ritmo a uma conversa. Ele diz que essa pessoa tem “pedalada”. É aquele que não deixa o assunto morrer. Ao perceber que o interlocutor está terminando o que pretendia falar, entra com uma pergunta, ou conta uma história curiosa. Em algumas lives, o interlocutor não tem esse jogo de cintura, e os assuntos vão morrendo, um atrás do outro. A não ser que o parceiro seja uma pessoa muito comunicativa e espirituosa para dar conta sozinho do recado, a live fracassa.
  7. O horário não é cumprido – Um pequeno atraso por questões técnicas é até perdoável, mas atrasar por descuido ou descaso é condenável. Por isso, é sempre conveniente dar um toque em quem vai participar da live pouco antes do início. Se, por acaso, houver algum problema, um dos participantes deverá iniciar, abordando o tema que será discutido até que seu parceiro possa chegar. 
  8. Um dos participantes fica aguardando sem–falar nada – Nem sempre as pessoas entram exatamente no mesmo horário para participar de uma live – daí a conveniência de falar sobre o tema como se estivesse fazendo uma introdução. Isso é muito melhor que adotar aqueles inícios chatos: “Estamos aqui aguardando o fulano”, ou “Será que ele está com algum problema?”. E ele ali, na frente da câmera, sem dizer nada, com aquela cara de chateado, sem saber bem o que fazer. É um convite para que as pessoas desistam.
  9. Não há assunto suficiente para o tempo determinado – Em certas lives, depois de 15, 20 minutos, meia hora no máximo, o assunto já está esgotado. Fica nítido que ninguém tem mais nada a acrescentar. Como solução, começam a conversar sobre nada, tornando o diálogo desinteressante. O contador de audiência despenca rapidamente. O ideal é sempre levar um roteiro com várias questões que poderiam ser discutidas, e deixar essas informações à mão. Ao perceber que os primeiros tópicos já foram cumpridos e que ainda falta muito tempo para o término da conversa, os assuntos adicionais poderão ser a salvação.
  10. Os participantes se comportam com artificialismo – A live tem por característica básica a conversa espontânea. É como se duas pessoas estivessem trocando ideias em uma sala de visitas. A audiência acompanha como se também participasse da conversa. Por isso, expressar-se de maneira afetada, caprichando demais na pronúncia das palavras, usando termos que não são muito comuns no dia a dia, tira a leveza da live. Outro ponto importante é a necessidade de o parceiro de live reagir de acordo com o clima do momento. Assim, se o companheiro disser algo engraçado, o parceiro deve reagir com um sorriso ou até com gargalhadas, dependendo do caso. Para isso, é preciso prestar bastante atenção ao que é falado na live.
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