Depois da Covid-19, higiene das mãos ainda salva vidas

Por Celso Arnaldo Araujo

Ok, com o controle da pandemia de Covid-19, o ato de higienizar as mãos já não é obsessivo, tal como foi em 2020/2021 e até 2022. Mas o hábito permanece, de forma atenuada, em muitas pessoas. Foi uma das heranças positivas do ato de higiene das mãos, que, mesmo com o aparente fim da pandemia, subiu ao “trono” do processo de prevenção não apenas da Covid-19 como das demais doenças infecciosas. Sim, porque as mãos são consideradas as principais vias de disseminação de grande parte das doenças infecciosas – e no dia 5 último, dada a universalidade da prática, celebrou-se o Dia Mundial da Higenização das Mãos. Que, aliás, deve ser praticada todos os dias do ano. Lavar as mãos é fácil, simples e vital. Mãos à obra!

O Dia Mundial, comemorado todos os anos em 5 de maio, mobiliza pessoas em todo o mundo com o propósito de aumentar a adesão à higiene das mãos nos serviços de saúde, protegendo assim tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde contra as infecções – e isso inclui os profissionais de farmácia. Nos últimos dois anos, a data foi toda especial. Mas esse mantra, sem dúvida, foi adotado pela maioria das pessoas diante da doença. A higiene das mãos (com preparação alcoólica ou com sabão ou sabonete líquido e água) é uma das ações mais eficazes para reduzir a propagação de patógenos e prevenir infecções novas fora a Covid-19. Assim, tanto os profissionais de saúde quanto a comunidade podem desempenhar um papel importante na prevenção das infecções, praticando a higiene frequente das mãos, e continuando a salvar vidas depois da pandemia.

A OMS, apoiada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), pretende tornar a higiene das mãos uma prioridade global.

Segundo a Dra. Joana D´arc Gonçalves da Silva. infectologista da Doctoralia, a higienização das mãos é um ato vital que deve ser celebrado todos os dias, mesmo no pós-pandemia:

“As mãos representam nossa principal ferramenta de trabalho. Por meio delas garantimos nosso sustento, por meio delas salvamos vidas. Mas, sabemos que as mesmas mãos que curam podem servir de fonte de infecção e contribuir para disseminação de doenças. Elas podem contaminar nosso corpo e superfícies, por isso é importante lavá-las sempre que estiverem visivelmente sujas e ao tocar em objetos e/ou ambientes compartilhados. Para uma higienização correta deve-se utilizar água limpa e sabão, esfregando a palma e o dorso das mãos, polegar, entre os dedos e punhos, por pelo menos 40 segundos”,

Segundo a infectologista Michelle Zicker, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, as mãos devem ser higienizadas em diversas situações do cotidiano – como ao chegar em casa, antes e depois de manusear alimentos; antes e depois de ter contato com pessoas doentes; após utilizar o banheiro, mesmo em casa; sempre que manipular dinheiro e depois de assoar o nariz. Profissionais de farmácias e drogarias foram detalhadamente orientados por seus conselhos regionais e, em nível nacional, pela Abcfarma, desde o início da pandemia. E agora devem manter o protocolo de higiene manual.

Quatro pontos importantes sobre lavar as mãos

Para a Dra. Flávia Addor, titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, não basta aplicar o sabonete ou passar o álcool em gel rapidamente – como faz boa parte das pessoas. Alguns cuidados devem ser observados para uma higienização efetiva.

• Livre-se dos acessórios – Retirá-los é essencial. Lavar as mãos com anéis, relógios e pulseiras não é eficiente, já que estes itens podem conter microrganismos que não saem com a lavagem comum. Para desinfetá-los, é preciso utilizar um pano úmido com álcool ou sabão e passar nos objetos cuidadosamente, deixando que sequem naturalmente.
• Use a regra dos 20 segundos – A recomendação é lavar as mãos com água e sabonete por pelo menos 20 segundos. É importante realizar movimentos circulares e friccionar bem todas as regiões, incluindo dorso, palma, polegar, unhas e pulso. Depois, retirar o sabão em água corrente.
• Álcool em gel ou sabonete? – O álcool em gel se tornou uma alternativa atraente entre os produtos de higienização. Contudo, deve ser utilizado como uma opção nos momentos em que não houver lugares acessíveis para lavar as mãos. “O álcool em gel não deve substituir a higienização com água e sabão, uma vez que a retirada da sujeira é sempre mais completa e efetiva com a lavagem” explica a Dra. Flávia. A Dra. Michelle completa: as duas formas de higienizar as mãos são equivalentes nas situações do dia a dia, desde que as mãos estejam visivelmente limpas. Caso haja sujeira visível, como pó ou restos de alimentos, devemos lavá-las com água e sabão”
• Sabonete antisséptico – Os sabonetes com antissépticos podem ser indicados nas situações que é necessária uma redução mais prolongada de microrganismos nocivos na pele, além do Coronavírus.

Roteiro da higiene das mãos

*Molhe as mãos com água corrente
*Aplique uma quantidade de sabão suficiente para cobrir a superfície das mãos
*Friccione as palmas das mãos entre si e, a seguir, friccione uma mão na outra, utilizando a palma da mão direita para lavar o dorso da mão esquerda e vice-versa
*Entrelace as mãos, esfregando os espaços entre os dedos. Friccione o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, com movimento de vai vem
*Esfregue bem o polegar com a palma da mão oposta, fazendo movimentos circulares. Friccione as pontas dos dedos e as unhas na palma da mão oposta, fazendo movimentos circulares
*Enxágue as mãos com água corrente
*Seque-as com papel descartável ou uma toalha limpa. Nos espaços públicos, utilize o papel toalha para fechar a torneira. Todo o processo deve durar em torno de 40 a 60 segundos.

E a OMS enfatiza que a higienização das mãos protege de uma serie de doenças e isso é um legado que o novo Coronavírus vai nos deixar.

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