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Antitérmicos x Analgésicos

Por Celso Arnaldo Araujo

Uma dor de cabeça, um estado febril. Embora sejam independentes, na maioria dos casos, os dois quadros podem ocorrer simultaneamente – acompanhando estados gripais, por exemplo. E há quem confunda as duas medicações indicadas para essa dobradinha tão frequente. Por isso, é importante conhecer um pouco mais sobre os efeitos e os mecanismos de ação de cada uma dessas categorias medicamentosas – disponíveis no setor de MIPs das farmácias, para compra livre.

Antitérmicos

Rosto quente, face avermelhada, tremores e calafrios, mal-estar e dores no corpo são sintomas que, quase sempre, chegam junto com a febre – em geral, como resposta de defesa a alguma coisa fora do normal, como um vírus ou bactéria recém-instalados no corpo. A febre, em tese, é nossa aliada – mas provoca mal-estar e diversos sintomas que precisam ser combatidos para evitar danos pela alta temperatura. Entram em ação os antitérmicos – remédios que inibem a atuação da enzima prostaglandina endoperóxido sintase, a vilã da febre.

Analgésicos

O poeta João Cabral de Melo Neto fez de sua dor de cabeça crônica um tema recorrente de seus belíssimos textos. Mas, é claro, nem sempre a chamada cefaleia é crônica. Num ou noutro caso, os analgésicos são a melhor pedida.  Eles bloqueiam os receptores sensoriais do corpo, impedindo o cérebro de receber o aviso de que há um foco de inflamação ou algo do tipo no organismo. Em resumo, eles reduzem ou interrompem as vias de transmissão nervosa, responsáveis pela captação da dor. Podem ser usados para todos os tipos de dor, como as de cabeça, musculares, cólicas e as relacionadas a infecções. Existem no mercado dois tipos de analgésicos: o periférico e o central.  O periférico é o mais comum, encontrado nas farmácias, e, após ser ingerido, ele se espalha por toda a corrente sanguínea até chegar ao local em que a dor se encontra, onde o corpo absorve o medicamento. Já os analgésicos centrais, que exigem prescrição médica, são utilizados em casos mais graves e atuam diretamente no sistema nervoso central, que é composto pelo cérebro e pela medula espinhal – fazendo com que a percepção de dor seja eliminada. O principal uso de analgésicos ocorre no tratamento de incômodos físicos relacionados aos músculos, cabeça, dentes, cólicas, ou provenientes de gripe ou resfriados. Essa família de medicamentos também é utilizada para lidar com a recuperação pós-cirúrgica ou lesões. “Eles circulam pela corrente sanguínea em busca da origem da dor e bloqueiam os sinais emitidos ao cérebro”, explica o professor Reginaldo Tavares Franquez, coordenador do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera (SP). “Assim, o sistema nervoso não consegue identificar a existência de células lesionadas no corpo”.

 Cardápio de analgésicos

Os tipos mais procurados nas drogarias são produzidos à base de ácido acetilsalicílico, dipirona e paracetamol. Seu uso rotineiro pode aliviar muitos quadros, mas eventualmente pode mascarar problemas mais sérios – além de gerar efeitos colaterais. “O excesso não pode se tornar um hábito. O consumo pontual não representa grandes riscos, mas utilizá-los por mais de 15 dias em um mês é um hábito preocupante. Nesse caso, seria aconselhável buscar ajuda de um especialista”, ressalta o professor.

Anti-inflamatórios: como escolher

Há dois grupos disponíveis nas farmácias: os nãos esteroides, que combatem as inflamações com ação antipirética (para abaixar a febre) e analgésica; e os esteroides, como os corticoides, que inibem a produção de substâncias envolvidas no processo inflamatório. “O objetivo é agir onde há uma reação exagerada do sistema imunológico a uma agressão. Há situações em que somente esse medicamento tem eficiência e seu uso deve ser recomendado por prescrição médica”, ressalta o Dr. Franquez. Ressalte-se que, em grande quantidade, a droga pode ser tóxica para os rins e fígado. O uso prolongado pode causar úlceras, osteoporose, assim como a retenção de líquidos, que pode aumentar a probabilidade de novas infecções. “A administração combinada de analgésicos e anti-inflamatórios está prevista, uma vez que suas funções são diferentes no corpo, mas é preciso atenção para evitar sobrecarga no organismo. Nesse caso, a decisão deve partir de um especialista, não por meio da automedicação”. Ressalte-se que a orientação farmacêutica, em boa parte dos casos, pode reduzir os riscos de efeitos indesejáveis da automedicação.

 

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