O envelhecimento é um processo gradual e irreversível que provoca a perda funcional e progressiva das funções cognitivas do organismo. É caracterizado por diversas alterações orgânicas, como a redução do equilíbrio, da mobilidade, das capacidades fisiológicas (respiratória e circulatória) e modificações psicológicas. A gradativa perda da capacidade física, mental e social, que ocorre com o passar dos anos pode causar uma percepção negativa sobre os idosos, que passam a serem vistos como pessoas improdutivas e debilitadas. Consequentemente, essas alterações podem proporcionar o sentimento de desamparo deixando, muitas vezes, o indivíduo impotente, indefeso e fragilizado para tomar suas decisões.
Contudo, a sociedade vem evoluindo neste sentido. Cada vez mais contamos com iniciativas que buscam valorizar a melhor idade quem tem causado um efeito positivo na fatia idosa da população, que ao contrário do que muitos ainda pensam, está mais ativa, saudável e independente, necessitando cada vez menos de auxílio médico ou de acompanhamento diário. Desta forma, evidencia-se a importância de garantir aos idosos não só uma sobrevida maior, mas, também, qualidade de vida.
A funcionalidade física pode ser entendida como a capacidade de desempenhar determinadas atividades, utilizando-se de habilidades diversas para realizar interações sociais. De modo geral, pode representar a capacidade de realizar as atividades necessárias para cuidar de si mesma de forma independente.
Os sistemas musculoesquelético e ósseo têm importância crucial no processo de envelhecimento. Com o avançar da idade, ocorre uma diminuição no comprimento, na flexibilidade e no número de fibras musculares. Também são registradas a perda de massa muscular, da elasticidade dos tendões e ligamentos, acarretando uma perda gradativa da força muscular. As alterações físicas, como perdas sensoriais (déficit auditivo e visual), déficits cognitivos, problemas osteoarticulares, sequelas ou descontrole de doenças crônicas, são fatores que limitam a mobilidade e a independência do idoso, prejudicando sua sociabilidade, atividades diárias e bem-estar.
Essas modificações interferem na agilidade, na plasticidade, alteram a coordenação, causam perda do ritmo muscular e da sequência normal dos movimentos, geram aumento de entorses e luxações das articulações. O decréscimo da função muscular, com a consequente diminuição da funcionalidade pode tornar-se um ciclo vicioso, visto que, já que impacta na redução de atividade física.
Ainda com o envelhecimento, os ossos tornam-se progressivamente mais vulneráveis a fraturas, pois perdem sais minerais e matriz óssea. O sistema nervoso apresenta alterações com redução no número de neurônios, redução na velocidade de condução nervosa, redução da intensidade dos reflexos, restrição das respostas motoras, do poder de reações e da capacidade de coordenações. Além disso, o ganho de gordura em substituição à perda de massa muscular é um fato normal com o envelhecimento, sendo fator preponderante para possível aparecimento de certas doenças e incapacidades.
As mudanças fisiológicas do envelhecimento, combinadas com a inatividade física, ocasionam processos patológicos que podem levar o idoso à perda progressiva de autonomia e independência. Para mudar esse quadro, o ideal é envelhecer com boa saúde física, desempenhando papeis sociais, permanecendo ativo, o que impacta diretamente na qualidade de vida.
O conceito de qualidade de vida está relacionado à autoestima e ao bem-estar pessoal e abrange uma série de aspectos como a capacidade funcional, o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o estado de saúde, os valores culturais e éticos, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se vive. Por isso, manter os idosos independentes funcionalmente é o primeiro passo para se atingir uma melhor qualidade de vida.
Artigo por Vanessa Tini, professora do curso de Fisioterapia da unidade Anhanguera Asa Norte – Shopping ID.
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